Jornal SBC 176 | Março 2017 - page 12

Dia a Dia do Cardiologista
Os resultados do estudo
Precision
foram apresentados no
último Congresso da American Heart Association. O ensaio
clínico mostrou que não houve um aumento de risco cardio-
vascular para os pacientes que tomaram o celecoxibe, com
redução de lesões renais e gastrointestinais.
O diretor científico do Departamento de Aterosclerose da
SBC, José Francisco Kerr Saraiva, lembra que desde a re-
tirada de circulação do rofecoxibe em 2004 por conta do
aumento do risco cardiovascular associado aos inibidores
da ciclo-oxigenase tipo II (COX-2), há uma grande preocu-
pação dos médicos e autoridades regulatórias sobre como
se portar diante desse risco. Atualmente no Brasil apenas
o celecoxibe e o etoricoxibe podem ser comercializados.
“Este estudo responde uma importantíssima pergunta que
é a segurança deste medicamento, comparado a dois anti-
-inflamatórios convencionais, que são o ibuprofeno e o na-
proxeno”, afirma Saraiva, que foi um dos investigadores do
estudo.
O
Precision
foi realizado com 24.081 pacientes randomiza-
dos em 926 centros ao redor do mundo, a partir de outubro
de 2006. Todos tinham um ou mais fator de risco cardio-
vascular ou a doença estabelecida, sendo 35% de diabéti-
cos, 45% em uso de AAS e 20%, tabagistas. A média etária
foi de 63 anos, com 64% dos pacientes do sexo feminino.
Aproximadamente 90% dos pacientes tinham osteoartrite e
10%, artrite reumatoide.
Apesar dos resultados satisfatórios, Saraiva aconse-
lha os cardiologistas clínicos a usarem o medicamento
preferencialmente na população de baixo risco, mas se
tiver que utilizar em pacientes com fatores de risco car-
diovascular, que seja pelo menor tempo possível e na
menor dose. “O estudo confirmou um menor risco de
sangramento gastrointestinal e de lesões renais no gru-
po de pacientes que receberam o celecoxibe quando
comparado aos demais grupos, além do que mostrou a
segurança cardiovascular do uso do celecoxibe numa
população de alto risco cardiovascular. Eu entendo que
isso seja de impacto para o clínico. Lembrando apenas
que foi um estudo com 200 mg e, muitas vezes, nós
usamos doses mais elevadas na prática clínica”, finali-
zou José Francisco Kerr Saraiva.
Foram avaliados 24 mil pacientes, a maioria de
portadores de osteoartrite, submetidos ao tratamento
com ibuprofeno, naproxeno ou celecoxibe
Estudo avalia a
segurança do uso de
anti-inflamatórios em
pacientes de alto risco
cardiovascular ou com
doença estabelecida
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