Domingo Braile é Prof. Emérito da Faculdade Estadual
de Medicina de Rio Preto e Sênior da Faculdade de
Ciências Médicas da Unicamp. Pró-Reitor de Pós-Gra-
duação da Famerp, editor do Brazilian Journal of Cardio-
vascular Surgery
Cirurgia Cardíaca
por Domingo Braile
Relação Médico Paciente
por Protásio Lemos da Luz
Protásio Lemos da Luz é professor sênior de
Cardiologia do InCor da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo - FMUSP
Cirurgiões cardiovasculares
avançam nos domínios da aorta
O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São
Paulo) divulgou os resultados da avaliação de médicos recém-
-formados em 2016. Mais da metade dos recém-formados nas
escolas médicas do estado de São Paulo foi reprovada na ava-
liação. Nas escolas privadas 66,3% foram reprovados; nas ins-
tituições públicas, 37,8%. Saliente-se que a prova do Cremesp
avalia conhecimentos gerais básicos, que todo médico precisa
ter; não é uma prova de alta complexidade.
Os resultados acima são altamente preocupantes; mesmo no
estado de São Paulo, o mais rico do país, onde a maioria da
ciência brasileira é produzida, o ensino médico produz ineptos.
O ensino privado é particularmente ruim; isso não é inespe-
rado visto que políticas governamentais no passado recen-
te não se preocuparam com a qualidade do ensino, mas ao
contrário, se preocuparam em aumentar números de escolas
médicas. Essas, criadas sob pressões estritamente políticas
e desrespeitando conhecimentos consagrados, não têm pes-
soal didático competente, nem estruturas físicas e laborato-
riais compatíveis com o ensino técnico/científico que a medici-
na exige. Por exemplo, a maioria não tem hospitais de ensino.
Essas escolas médicas transformaram-se em mero negócio.
Outro ponto é a implicação que a má-formação médica terá na
prática médica. Maus médicos tratarão mal os pacientes.
A responsabilidade por essa calamidade é múltipla. Mas o go-
verno é o maior responsável. As entidades médicas há muito
vêm alertando sobre os malefícios da comercialização do ensino
médico, mas não conseguiram sensibilizar os administradores
responsáveis pelas políticas públicas nas ciências da saúde. É
preciso continuar denunciando a interferência política desinfor-
mada numa área técnica como a medicina. A SBC precisa in-
sistir na busca de um ensino médico qualificado, que dignifique
nossa profissão e proteja os doentes.
Ensino Médico – um desastre
A Cirurgia Cardiovascular da era moderna, implementada em 1953
pelo pioneiro John H. Gibbon, nunca mais parou de desenvolver-se.
Dominadas as técnicas para correção das doenças do coração,
aorta e seus ramos, surge mais um desafio para o especialista.
São procedimentos minimamente invasivos decorrente de:
• Imagens radiológicas e ultrassonográficas perfeitas.
• Novos cateteres finos e direcionáveis.
• Sensores ópticos miniaturizados e laser para as videocirurgias.
• Novas próteses implantadas por via percutânea.
• Endopróteses para aorta e seus ramos, introduzidas por pun-
ção de um vaso periférico.
Tais conquistas constituem-se em recursos atuais para os tra-
tamentos minimamente invasivos, mudando um conceito.
O aforisma “Grandes cirurgiões, grandes incisões” modificou-
-se para “Bons cirurgiões, menores acessos”.
Para difundir essas conquistas a SBCCV e seus Departamen-
tos estão realizando cursos em todo o Brasil.
No dia 3 de fevereiro, em Maceió, realizou-se o I Simpósio
Alagoano de Cirurgia Endovascular. Foram mais de 150 parti-
cipantes com excelente aproveitamento teórico-prático!
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