Jornal SBC 204 | julho 2019

HIGH FAT dieta A crescente prevalência de doenças crônicas não transmis- síveis, como a obesidade, o diabetes mellitus e as doenças cardiovasculares, vem despertando o interesse da popu- lação em mudanças do estilo de vida, como o aumento da procura pela prática de atividade física e mudanças na alimentação. Apesar de essas mudanças serem necessárias, muitas vezes essas são feitas sem aconselhamento profissional, sendo adotadas dietas nem sempre adequadas, como é o caso das dietas high fat , amplamente divulgada em mídias sociais. As dietas high fat apresentam elevado conteúdo de gordu- ras, teor proteico de moderado a alto dependendo do pa- drão adotado, e baixa quantidade de carboidratos. Seu uso têm sido crescente pela alegação dessa dieta ter a capaci- dade de promover a perda de peso e proporcionar melhoria de parâmetros metabólicos: perfil lipídico, glicêmico e he- pático em diferentes condições, como a obesidade, o dia- betes mellitus e síndrome metabólica. Embora o uso agudo das dietas high fat possa parecer positivo, o limitado reper- tório de alimentos induz, a médio e longo prazo, a múltiplas deficiências de vitaminas e minerais, além de favorecer o desenvolvimento de dislipidemias, devido ao elevado con- teúdo de colesterol e gorduras saturadas. Acrescenta-se, Nutrição para quem e quando também, que algumas dietas high fat também são hiperpro- teicas; fato que pode levar à insuficiência renal em indiví- duos suscetíveis ou agravar a taxa de filtração glomerular, naqueles ainda não diagnosticados e sob tratamento. De modo contrário, para pacientes com doenças neuroló- gicas, como nas epilepsias fármacos-resistentes, síndrome de vivo (deficiência de GLUT1) e deficiência da piruvato desidrogenase, o uso de dietas high fat do tipo dieta ce- togênica é recomendado como estratégia de tratamento. Nesses, casos o acompanhamento do paciente é realizado por profissionais de saúde, que avaliam cautelosamente a duração do tratamento, bem como monitoraram os efeitos adversos, como as dislipidemias. 33

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