Jornal da Sociedade Brasileira de Cardiologia

Palavra do Presidente

Marcelo Queiroga





As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) compreendem o grupo líder mundial de causas de morte, responsável por mortes prematuras, perda de qualidade de vida e impactos econômicos e sociais adversos. Representam cerca de 70% das mortes globais, perto de 38 milhões de óbitos anuais, excedendo significativamente as mortes por causas externas e doenças infecciosas, como a Covid-19.

Quase 45%, mais de 17 milhões, ocorrem como resultado de doenças cardiovasculares (DCV). O mesmo acontece no Brasil, onde 72% das mortes ocorrem por DCNT, 30% por DCV, seguidas por neoplasias (16%) e doenças respiratórias (6%), tornando as doenças do coração uma verdadeira “pandemia” —muito mais letal que qualquer virose respiratória pandêmica, como podemos acompanhar nas projeções realizadas pelo cardiômetro, que estima as mortalidades por DCV em tempo real.

A pandemia de Covid-19, a partir de Wuhan, na China, alastrou-se rapidamente pelo mundo, acometendo mais de 2,6 milhões de indivíduos, com mais de 190 mil mortes desde o seu início, agravando o já intricado contexto sanitário. No Brasil, registram-se atualmente mais de 52 mil casos, com quase 3.700 mortes.

A infecção pelo novo coronavírus também afeta o coração e, nessa condição, a taxa de mortalidade pode superar 10%. Assim, agrava-se um crônico problema de saúde pública: a elevada mortalidade cardiovascular, um grande desafio para as autoridades sanitárias.“Fique em casa” é o apelo feito para conter a progressão da pandemia. Os hospitais de campanha são erguidos em uma verdadeira operação de guerra, e a demanda por internação hospitalar, particularmente em unidades de terapia intensiva, talvez seja suprida. Nesse intricado cenário, ainda emerge a questão: o que fazer com os pacientes, em particular os doentes do coração, que já superlotam os hospitais “tradicionais”?

Nos Estados Unidos, segundo reportagem publicada no jornal The New York Times, os portadores de DCV estão deixando de procurar atendimento médico e podem estar morrendo em casa por medo de contrair a Covid-19. A publicação diz que houve expressiva queda no número de atendimentos nas emergências de pacientes com diagnóstico de ataque cardíaco e derrame durante a pandemia.

No Brasil, embora sem a confirmação de dados oficiais, relatos de cardiologistas apontam drástica redução no atendimento de pacientes com infarto do miocárdio, ainda sem impacto detectado na mortalidade. No Instituto de Coração da Universidade de São Paulo, por exemplo, são realizadas mensalmente, em média, 30 angioplastias primárias em pacientes com infarto do miocárdio. Desde o reconhecimento da pandemia da Covid-19, também diminuíram esses atendimentos: em março, a redução foi de 50%. No mesmo sentido, dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia Intervencionista mostram uma queda de 50,3% e 73% no total de angioplastias coronárias, tomando-se como referência março e abril de 2020, com relação ao mesmo período do ano passado.

Será que estamos informando corretamente a população quando solicitamos que fiquem em casa? Será que não precisamos orientá-las melhor para que procurem os serviços de saúde em caso de sintomas e sinais que sugiram um infarto do miocárdio?

Diante da grave crise instalada na saúde pública, é fundamental informar os pacientes, em especial os cardiopatas, sobre os riscos que correm ao se contaminarem com o coronavírus e que os cuidados e a proteção devem ser redobrados. Sintomas como dor no peito de duração prolongada, falta de ar, palpitações, acompanhado de palidez e suor frio, não devem ser negligenciados.

Para atender a essa necessidade, os hospitais estão estabelecendo rotas distintas para os pacientes com presunção de Covid-19. Ou seja, mesmo com a provável dificuldade de alocação de recursos, é fundamental garantir atendimento eficiente às enfermidades cardiovasculares. As recomendações para os pacientes com cardiopatia não mudaram: quanto mais rápido se buscar uma emergência especializada, melhor será o resultado do tratamento. Ou seja, “tempo é músculo, e músculo é vida”.

(Texto publicado originalmente no Jornal Folha de São Paulo)


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