Jornal SBC 133 | Agosto 2013 - page 15

Jornal SBC 133 | Agosto 2013
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Revalida já
DEFESA PROFISSIONAL
José Xavier de Melo Filho
Diretor de Qualidade
Assistencial da SBC
Mesmo enfrentando uma
escassez cada vez maior de
médicos, os Estados Unidos
impõem barreiras difíceis
de
serem
transpostas
por médicos imigrantes
formados no exterior que
desejam atuar no país.
A situação foi abordada
por
matéria
publicada
recentemente no jornal
The
New York Times
.
Para trabalharem no país,
estrangeiros têm de passar
por processos de testes e de treinamento para que os
órgãos oficiais certifiquem-se de que atingem o mesmo
padrão de qualidade que o dos formados em instituições
americanas. A reportagem aponta a exigência de que o
candidato faça a residência médica nos Estados Unidos
como o gargalomais estreito. Essa exigência existemesmo
se o médico já concluiu a residência médica em sistemas
avançados de saúde, como na Inglaterra ou no Japão.
Para obter licença para atuar nos Estados Unidos da
América, os médicos estrangeiros devem ser certificados
pela Comissão Educacional para Médicos Graduados
Estrangeiros. Em alguns casos, os candidatos devem se
submeter a uma formação adicional no país.
Além disso, universidades estrangeiras podem ser
avaliadas pelo Comitê Nacional sobre Educação Médica
Estrangeira e Acreditação. O órgão tem como objetivo
verificar se os padrões utilizados para acreditação de
escolas médicas em outros países são equivalentes aos
padrões empregados nas universidades americanas e,
dessa forma, permitir o intercâmbio de graduandos de
instituições estrangeiras com universidades americanas.
Assim como o Brasil que adotava o exame Revalida para
autorizar a atuação profissional de médicos formados
no exterior, outros países também têm exigências para a
revalidaçãode diplomasmédicos estrangeiros. Há países
que exigem do médico estrangeiro a realização de uma
prova para atestar seus conhecimentos emmedicina: é o
caso da Inglaterra. Em outros casos, como em Portugal,
o processo de revalidação fica por conta dos conselhos
científicos de universidades com cursos de medicina,
que se encarregam de analisar o currículo da instituição
de origem do candidato e verificar se ele tem a mesma
qualidade de formação que os médicos locais. Médicos
formados em países da União Europeia que querem se
deslocar para outros países da comunidade têm mais
facilidade na revalidação de seus diplomas, já que existe
um acordo de livre movimentação de profissionais.
Ainda assim, autoridades de cada país podem decidir
se aceitam ou não as qualificações obtidas em outros
países europeus.
Profissionais devem adequar-se a critérios do país onde
querem exercer, com documentação comprovada,
teste de avaliação do curso de medicina e de idioma.
Imagine um país com tantos regionalismos, sotaques e
pronúncias como o Brasil, a comunicação não deve ser
fácil para nossos queridos amigos estrangeiros. Com
certeza a população terá que lidar com profissionais
que não falam o português do povo, ou descobrirá que
médico sem recursos não consegue fazer muita coisa a
mais que a benzedeira da comunidade.
PREVENÇÃO
As manifestações recentes que ocorreram em inúmeras
cidades do país e até no exterior chamaram a atenção
da Sociedade Brasileira de Cardiologia pela utilização de
vários tipos de armas consideradas de baixa letalidade.
No ano passado, o Comitê de Emergências
Cardiovasculares da SBC fez um alerta em relação ao
uso do
taser
– arma elétrica utilizada para paralisar
pessoas. Na ocasião, o Comitê preparou um estudo
com a revisão de 50 trabalhos científicos sobre a
segurança do equipamento que é usado pela Polícia
de vários Estados. “Agora voltamos a nos preocupar
e informamos que qualquer arma, balas de borracha,
cassetetes, bombas de gás lacrimogêneo e de efeito
moral representam risco de morte”, explicou o diretor
do Comitê de Emergências Cardiovasculares Sergio
Timerman. “Só devem ser utilizadas com muito critério
e bastante treinamento”, completou.
Comitê alertou para os riscos das armas de baixa
letalidade durante protestos de rua
Um forte impacto no peito pode provocar morte súbita por arritmia cardíaca
Sergio Timerman lembrou que há real necessidade, em
muito casos, de se utilizar “armas não letais”, capazes de
impossibilitar a reação de uma pessoa que represente
perigo, sem lhe tirar a vida, “mas é difícil conseguir uma
arma que tenha efetivamente a característica de ser não
letal; elas são de baixa letalidade”.
Commotio cordis
O impacto de um cassetete no peito, próximo ao
coração, ou mesmo uma bala de borracha atingindo
o tórax pode provocar morte súbita por arritmia
cardíaca. “É o ‘
commotio cordis
’, ou tradução simples
do latim ‘agitação do coração’”. O diretor do Comitê
citou um estudo do National Commotio Cordis
Registry, nos Estados Unidos, que documentou 224
casos nos últimos 15 anos. Cerca de metade dos casos
era de atletas com média de 15 anos que tiveram um
forte impacto no tórax provocado por uma bola de
beisebol, de hockey ou pelo simples impacto com
outro atleta. “Objetos menores e arredondados são
mais perigosos do que bolas de futebol ou luvas de
boxe, que amortecem a energia por terem uma maior
superfície de contato”, disse.
A arritmia cardíaca provocada leva a morte súbita
se manobras de ressuscitação não forem feitas. “Em
25% dos casos os pacientes sobreviveram, depois
de massagens cardíacas ou pela utilização de um
desfibrilador”, contou. Um convênio entre a Sociedade
Brasileira de Cardiologia e o Ministério da Saúde está
treinando 2.200 profissionais em todas as cidades-sede
da Copa do Mundo para esses atendimentos.
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