Jornal SBC 137 | Dezembro 2013
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ESTILO DE VIDA
Marco Mota |Co-editor
Para os que acreditam
numa força maior que vem
de Deus, o tempo de Natal
é especial para reforçar e
redimensionar essa força.
Somos
invadidos
por
alguns desejos de generosi-
dade
que
determinam
mudanças pontuais em
nossa forma de ser e de
agir. Passamos a olhar os
outros na sua totalidade e,
mesmo enxergando suas
deficiências, passamos a valorizar suas virtudes. O que
mais nos importa é poder dizer ao outro que tudo
que aconteceu e marcou de forma desfavorável a
nossa amizade não deve construir barreiras para que
possamos dizer que está perdoado e vamos começar
o ano como se nossa relação estivesse (como Jesus)
nascendo novamente agora. Tempo de elaborar
pontes, trajetos. E o mais interessante é que, envolvido
por esse clima de fraternidade (que não é humana), o
desejo de “passar a borracha” nos acontecimentos que
marcaram o ano de forma negativa tem nessa data o
momento mais oportuno de ser exercitado.
Assim podemos dizer que o Natal determina nos
corações um estilo de vida especial. Ficamos mais
sensíveis às carências dos outros. Ficamos mais
amorosos com os desconhecidos. Ficamos mais
tolerantes com as pessoas das quais guardamos rancor
(em meu ponto de vista, a pior fragilidade humana –
impossibilidade de perdoar). Ficamos mais abertos
para novas amizades e para reconquistar amizades
perdidas. Ficamos mais prudentes nos comentários
que fazemos dos outros. Em outras palavras,
reconquistamos a virtude da solidariedade perdida no
decorrer do ano.
Lembro-me de um fato ocorrido comigo num Natal
que já passou. Digo que já passou porque não
determinou emmeu coração o estilo de vida que nesse
texto preconizo. Um Natal que passou não foi um Natal
verdadeiro no sentido cristão, embora não tenha
passado totalmente porque deixou marcas definitivas
em meu coração.
Fazíamos o acompanhamento de um grupo de
jovens moradores de rua na minha cidade. Com eles
desenvolvíamos projetos alternativos que tinham em
seu esboço o desejo de promoção. Num determinado
Natal, organizamos uma comemoração nos moldes
que estamos habituados. Houve muito esmero
de todos para que a festa tivesse de tudo. No dia
combinado fomos todos para o local determinado
esperar os convidados.
Natal: um estilo de vida
para o ano inteiro
Estava tudo muito bonito, com muita comida,
refrigerantes e também pensamos nos presentes
para cada um, que já conhecíamos pelos nomes. Lá
ficamos a esperar por bastante tempo e ninguém
apareceu. Desarmamos tudo e voltamos para casa,
tristes e pensativos sobre o que podia ter acontecido.
Esquecemos de combinar a festa com os convidados.
Passado o Natal daquele ano voltamos aos nossos
contatos habituais e na primeira reunião fomos diretos
ao assunto, desejando obter deles uma explicação.
O que houve naquela noite que eles nos frustraram
não comparecendo à nossa comemoração? Resposta
do grupo: é que nessas datas vamos para as portas
dos supermercados aproveitarmos do clima natalino
para receber “esmolas”, daqueles que adotam o estilo
natalino de forma pontual. Palavras deles: “nem precisa
pedir tio, basta ficar nas saídas que as ofertas surgem
em montão”.
Que este Natal determine nos corações dos que entram
para dirigir a nossa SBC no próximo biênio corações
despojados, desarmados e receptivos. E que o estilo
natalino também permaneça naqueles que dedicaram
o sacrifício pessoal, familiar e profissional para que
a nossa SBC consolidasse sua presença no cenário
nacional e internacional, como uma Sociedade forte e
respeitada cientificamente.
