Jornal SBC 140 | Março 2014 - page 19

Jornal SBC 140 · Março · 2014
19
ELETROCARDIOGRAFIA
Neste número do
Jornal da SBC
, destacamos um estudo recentemente publicado que demonstrou
que indivíduos da população geral com BAV do primeiro grau apresentam excelente prognóstico no
seguimento de longo prazo. O artigo de Aro et al. relata o seguimento de 10.785 indivíduos entre
30 e 58 anos de idade (média 44 anos), 52% do sexo masculino, examinados entre 1966 e 1972, na
Finlândia. O ECG convencional encontrou BAV do primeiro grau (PRi > 200 ms) em 222 indivíduos
(2,1% da população) no estudo basal. Prolongamento acentuado do segmento PR (PRi > 240 ms)
foi raro, presente em 20 indivíduos (0,2%). No seguimento médio de 30 anos (desvio padrão de 11
anos), o intervalo PR normalizou em 30% dos indivíduos. Mortalidade por todas as causas, morte
cardiovascular, morte súbita e hospitalização cardiovascular não diferiu da população com ECG
normal. Esses resultados não se alteraram após múltiplos ajustes e podem ter impacto na prática clínica.
Referência: Prognostic significance of prolonged PR interval in the general population.
European
Heart Journal
2014;35:123–129.
SBC/DCC/GEECG
ERGOMETRIA, EXERCÍCIO, CARDIOLOGIA NUCLEAR E REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR
Queremos destacar nesta edição estudo realizado pelo nosso grupo que propõe uma abordagem
inovadora para o controle da frequência cardíaca durante a atividade física, denominada GRADIENTE
DE FC NO EXERCÍCIO (GFCE), que combina, matematicamente, três medidas de FC disponíveis em
um teste de exercício – repouso, esforço máximo e recuperação no primeiro minuto pós-esforço – em
uma abordagem simples e prática, que permite analisar a variação da FC repouso-exercício-repouso.
O estudo analisou dados de repouso e de teste cardiopulmonar de exercício de 1.476 indivíduos
entre 41 e 79 anos de idade que não estavam em uso de fármacos com efeito cronotrópico negativo
(ex. betabloqueadores). Foram calculadas ainda a FC de reserva (FC máxima – FC de repouso posição
deitada) e a FC de recuperação (FC máxima – FC no 1º minuto de recuperação pós-esforço máximo
na posição deitada). Os resultados foram divididos em quintis e determinou-se o escore do GFCE
como a soma dos números dos quintis para as duas variáveis.
Em um acompanhamento médio de pouco mais de sete anos, houve 44 óbitos, tendo a taxa de
mortalidade por todas as causas variado entre 1,2%, quando o GFCE era 10, até 13,2%, quando o
GFCE era 2. Após análise multivariada ajustada por outras variáveis, os indivíduos com GFCE de 2
(Q1 + Q1) tiveram uma taxa de mortalidade por todas as causas de 3,53 vezes maior (intervalo de
confiança a 95% de 1,34-9,23) quando comparado aqueles com GFCE entre 7 e 10.
Esse índice é robusto e nossos resultados confirmam a importância do controle da frequência cardíaca,
importante variável da fisiologia cardiovascular e cuja avaliação pode hoje ser feita facilmente por
meio de frequencímetros. Esse trabalho confirma também a relevância desse controle relatado por
outros autores e estimula que os profissionais da área de Cardiologia do esporte procurem colocar os
pacientes no GFCE = 10, pois esses apresentam prognóstico significativamente melhor.
Claudio Gil Araújo
SBC/DERC
Highlights
1...,9,10,11,12,13,14,15,16,17,18 20,21,22,23,24,25,26,27,28,29,...32
Powered by FlippingBook