Jornal SBC 153 · Abril · 2015
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prescrito produto compatível com a situação
diagnosticada. Os exemplos são os mais variados,
gerados em parte pela impessoalidade do contato
entre profissional e cliente.
Qualificação insuficiente
Um dos problemas decorre da multiplicação
indiscriminada de faculdades de Medicina
que formam profissionais com qualificação
insuficiente. Outro, vem da Medicina
multidisciplinar, que, por exemplo, pode levar
paciente idoso cardíaco a ser atendido não só
pelo cardiologista, mas também por geriatra,
endócrino ou pneumologista. Esses exemplos,
entre tantos, embasam a recomendação
de Walter Ceneviva de que o médico não
se esqueça de que, eventualmente, pode
vir a ser processado pelo paciente, justa
ou injustamente.
Há pontos vulneráveis a serem evitados. Por
exemplo: aceitar “presentes” ou vantagens
vindas da comercialização do produto,
que possam ser mal interpretados, em face
da conduta adotada. O mesmo se diga da
qualidade dos medicamentos prescritos e de
sua adequação correta ao problema detectado.
Orientações
O especialista considera vital que o médico deixe
claro e registrado, para o paciente, quais são o
prognóstico do tratamento, o risco existente.
“Não prometa milagres”, pois pode levar a
processo por imputação de “erro médico” ou
“conduta inadequada”, sob alegados danos para
a saúde do cliente. O risco também é produto
da relação impessoal, com distanciamento
entre as duas partes, ao se envolverem em um
procedimento disciplinar ou em juízo.
Ceneviva conclui dizendo que, embora seja
sempre possível o conflito ético, a modificação
crescente do relacionamento, entre profissionais
médico e seus clientes, precisa ser levada em
conta. E como na medicina um bom caminho é
a prevenção. O médico, para evitar dissabores,
disciplinares ou judiciários, precisa, nestes
tempos novos, além dos cuidados próprios
da ética profissional, compreender efeitos
das mudanças sociais nos problemas da
relação com o cliente. O fenômeno gerado
pela quantificação de médicos, pacientes e
procedimentos impõe maior cuidado para o
profissional, a ser enfrentado com coragem,
destemor e lealdade.
■
O distanciamento abre
campo para que surjam
processos disciplinares,
justos ou injustos, em
números crescentes
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