Jornal SBC 152 | Março 2015 - page 3

Jornal SBC 152 · Março · 2015
3
Palavra do Presidente
Estima-se que três dos sete
bilhões de habitantes da Terra
poderão desenvolver doença
cardiovascular. Atender toda
essa demanda é impossível e,
infelizmente, a grande maioria
dessa população não será
assistida adequadamente pela
indisponibilidade de recursos
humanos e materiais.
Esses números são ainda
mais preocupantes ante a
desigualdades regionais no
acesso qualitativo e quantitativo à assistência e
educação médica, geralmente oferecidos de forma
cara, sofisticada e de difícil acesso. Contornar essas
dificuldades faz parte do exercício diário da prática
cardiológica na assistência, educação, pesquisa e
extensão para a comunidade leiga, procurando,
com a inovação, criar e otimizar recursos.
Inovações frugais custo-efetivas serão cada vez
mais importantes para o futuro da Medicina
Cardiovascular do Brasil e do mundo, devendo fazer
parte dos horizontes da academia, da indústria e dos
órgãos governamentais. Nesse terreno de grandes
desafios e oportunidades, novos atores como as
sociedades científicas serão sempre bem-vindos para
contribuir na agilidade do desenvolvimento e acesso
aos serviços médicos e às suas tecnologias.
A SBC, uma das sociedades científicas mais
respeitadas do mundo, tem no seu sistema de
representação a meritocracia e a legitimidade para
transitar com desembaraço na academia, nos órgãos
governamentais e na sociedade civil para colaborar
ativamente na resolução dos nossos problemas.
Nesse contexto, além dos projetos já encaminhados
com propostas de qualidade assistencial para serem
implantadas nos hospitais públicos, a SBC tem
elaborado estratégias inovadoras de capacitação,
utilizando ferramentas inovadoras de aprendizado
na educação continuada para o atendimento geral
e cardiológico.
Os cursos de simulação de emergências
desenvolvidos na SBC (TECA – Treinamento de
Emergências Cardiovasculares A, B e L) foram
recebidos de braços abertos pelo ministro Aldo
Rebelo, da Ciência, Tecnologia e Inovação (veja
reportagem na página 5), ao entender a grande
contribuição inovadora de processos educativos
simples, racionais e efetivos, merecedores de todo
o suporte logístico para o seu desenvolvimento
e divulgação. Esses e outros cursos de simulação
da Cardiologia brasileira como o SAVIC (Curso
de Suporte Avançado de Vida em Insuficiência
Cardíaca) tiveram a sua qualidade reconhecida e
poderão ser maximamente divulgados se forem
adotados nos grandes eventos do calendário
brasileiro, como o da Olimpíada de 2016.
A discussão da inclusão curricular do TECA e do
SAVIC na graduação e na Residência Médica
resultará certamente numa ação afirmativa que
deverá retroagir para o desenvolvimento de novas
ferramentas educadoras nacionais.
A agenda de debates desses assuntos com
os representantes governamentais deve ser
estimulada bilateralmente para consolidar
os nossos processos inovadores,
conferir
visibilidade e valorização da meritocracia do
empreendedorismo e inovação nacional
e,
finalmente, constituir-se num estímulo contínuo
para a prática da cidadania, da transparência
e do reconhecimento das entidades que
contribuem para a resolução dos complexos
desafios da educação e da assistência às doenças
cardiovasculares do nosso país.
Grande abraço.
Inovação cardiovascular para a Cardiologia do futuro:
empreendedorismo, simplicidade e cidadania
Angelo Amato
Vincenzo de Paola
Presidente da
Sociedade Brasileira
de Cardiologia
1,2 4,5,6,7,8,9,10,11,12,13,...32
Powered by FlippingBook