Cirurgia Cardíaca
por Domingo Braile
Relembrando
Prezados Colegas,
Comunicar-me com vocês, usando as páginas
deste tradicional veículo de integração da
Sociedade Brasileira de Cardiologia, será, para
mim, uma experiência enriquecedora.
Atendendo o convite do nosso presidente,
Prof. Marcus Bolívar Malachias, e do nosso editor,
Carlos Eduardo Suaide Silva, aqui estou eu,
que, como cirurgião, desejo ressaltar a importância
da SBC para o nascimento e consolidação da
especialidade cirúrgica, no tratamento das
doenças do coração.
A implantação da cirurgia cardíaca no Brasil ao final
dos anos 1950 teria sido impossível sem o apoio
incondicional e o entusiasmo dos criadores dessas
especialidades coirmãs.
Imaginem uma época em que o diurético era a
“Gortulina”, um mercurial que produzia necrose
tubular, levando a aumento da diurese, com as
imagináveis consequências para a função renal.
A hipertensão era tratada com “Reserpina”, que
além do pouco eficaz, tinha como efeito colateral o
suicídio de alguns pacientes. A insuficiência cardíaca
controlava-se com “Digital”, repouso no leito, e dieta
de arroz.
O diagnóstico dependia exclusivamente da história,
exame físico, com ênfase na primorosa ausculta,
e em dois exames complementares: radiografia de
tórax e eletrocardiograma.
Esse era o panorama nos alvores
das operações sobre o coração.
Não fosse a determinação dos perspicazes clínicos e
dos afoitos cirurgiões, unidos com o forte desejo de
curar, nada teria sido possível.
Sem juízo de valor e longe da completude, cito dois
exemplos dessa união fraternal responsável pelo
atual destaque da Cardiologia e a cirurgia cardíaca
brasileiras no concerto das nações.
Instituto Dante Pazzanese e Cardiologia
Dante Pazzanese, raciocínio cristalino, argumentação imbatível, transformou
o sonho em uma realidade muito maior que o sonho.
Adib D. Jatene, cirurgião admirável, inventor, criador de técnicas disruptivas, secretário e ministro da Saúde.
São apenas dois exemplos entre os muitos que permearam as universidades e hospitais de todo o país, doando-se
por inteiro com amor pelos cardiopatas, finalidade maior de nossa missão. Não devemos esquecer a lição.
Universidade de São Paulo
Luiz V. Décourt, ícone do humanismo científico.
Euryclides de Jesus Zerbini, fundador
e divulgador incansável da cirurgia cardíaca no continente Sul-Americano.
Domingo Braile é Prof. Emérito da Faculdade Estadual de Medicina de Rio Preto e Sênior da Faculdade de Ciências Médicas
da Unicamp. Pró-Reitor de Pós-Graduação da Famerp, editor do Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery
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