Jornal SBC 177 | Abril 2017 - page 11

Dia a Dia do Cardiologista
O “PREVER - Prevenção de eventos cardiovasculares
em pacientes com pré-hipertensão e hipertensão arte-
rial” inclui dois estudos independentes: o PREVER-1 e
o PREVER-2. Ambos comprovam que a associação dos
diuréticos clortalidona + amilorida é eficaz na prevenção
e no tratamento da hipertensão arterial.
O projeto teve início em 2008 e contou com 21 centros de
pesquisa, em geral ligados a universidades situadas em
dez estados. O centro coordenador foi o Hospital de Clí-
nicas de Porto Alegre (HCPA), liderado pelos professores
Flávio Danni Fuchs e Sandra Costa Fuchs. 18 mil voluntá-
rios foram avaliados e cerca de 1400 selecionados.
Projeto pode se tornar uma importante base para mudanças nas diretrizes
nacionais e internacionais sobre a doença
Estudo PREVER comprova eficácia de
diuréticos para prevenir a hipertensão
PREVER-1 (Prevenção)
730 voluntários, entre 30 e 70 anos,
pré-hipertensos e sem doenças
crônicas foram divididos em dois
grupos, uma parte recebeu o trata-
mento a base de clortalidona + ami-
lorida em baixa dose e a outra rece-
beu placebo, durante 18 meses. Os
participantes eram acompanhados
a cada três meses.
Ao final, o primeiro grupo teve a
incidência de hipertensão arterial
reduzida em quase 45%, na com-
paração com o que tomou placebo.
“Vale ressaltar também que, pela
primeira vez na literatura científica,
demonstrou-se que o tratamento
com diuréticos diminuiu a massa
do coração, o que significa menor
risco para o desenvolvimento de
doenças cardiovasculares”, conta o
coordenador Flávio Fuchs.
PREVER-2 (Tratamento)
Seiscentos e cinquenta e cinco hi-
pertensos estágio I (entre 140/90 e
159/99 mmHg) participaram e os vo-
luntários também foram divididos. O
primeiro grupo utilizou clortalidona +
amilorida e o segundo ingeriu losar-
tana, medicamento oferecido pelo
Programa Farmácia Popular. Fuchs
conta que “eles tinham consultas a
cada três meses e, se a pressão não
tivesse reduzido, a dose do medica-
mento anti-hipertensivo era dobrada
e na consulta seguinte era acrescen-
tado novo medicamento”.
Ao final de 18 meses, aqueles que
receberam diuréticos apresentaram
redução de 2,3 mmHg na pressão sis-
tólica. Além disso, mais participantes
do grupo da losartana necessitaram
de dose maior de anti-hipertensivo e
de maior número de medicamentos
para controlar a pressão arterial.
“O estudo foi feito porque suspeita-
va-se de que a losartana fosse me-
nos eficaz e foi a essa conclusão que
chegamos. Os diuréticos deveriam ter
preferência no manejo da hipertensão
arterial, especialmente a combinação
utilizada no estudo. Ela inclusive po-
deria ser disponibilizada na Farmácia
Popular, já que o custo é um terço in-
ferior ao losartana”, conclui Fuchs.
Os estudos foram publicados no Journal of the
American Heart Association
e no
Journal of Hypertension
.
11
1...,2,3,4,5,6,7,8,9,10 12,13,14,15,16,17,18,19,20,21,...28
Powered by FlippingBook