Domingo Braile é Prof. Emérito da Faculdade Esta-
dual de Medicina de Rio Preto e Sênior da Facul-
dade de Ciências Médicas da Unicamp. Pró-Reitor
de Pós-Graduação da Famerp, editor do Brazilian
Journal of Cardiovascular Surgery
Cirurgia Cardíaca
por Domingo Braile
Relação Médico Paciente
por Protásio Lemos da Luz
Protásio Lemos da Luz é professor sênior de
Cardiologia do InCor da Faculdade de Medici-
na da Universidade de São Paulo - FMUSP
Residência em Cirurgia Cardiovascular
Nos últimos tempos, tem-se dado grande atenção ao trata-
mento de infarto do miocárdio na fase hospitalar. Paradoxal-
mente, uma das consequências do sucesso nesta fase foi o
aumento de casos de insuficiência cardíaca. Menos estudos
ainda mereceram os pacientes que sobreviveram os primeiros
30 dias. No entanto, a mortalidade nos anos subsequente ao
infarto é duas a três maior do que na população geral, em ida-
de equivalente. Não só a doença progride como diretrizes não
são seguidas em aproximadamente 25% dos casos.
Portanto, algumas medidas são necessárias, como: (a) ter um
plano de seguimento com avaliações periódicas; (b) orientar
atividades diárias; (c) verificar aderência à medicação; (d) re-
comendar fisioterapia e amparo psicológico; (e) orientar sobre
reconhecimento de sintomas; e (f) orientar sobre estilo de vida
saudável. Essas ações visam, sobretudo, evitar reinfarto e re-
-hospitalização.
De suma importância são os cuidados com estilo de vida, como
dieta adequada, evitar tabagismo, fazer exercícios regulares,
manter peso, controlar diabetes e pressão arterial. Tais cuida-
dos naturalmente devem ser individualizados. Por exemplo,
esportistas precisam de cuidados específicos ao reassumirem
suas atividades; enquanto exercícios moderados são benéfi-
cos, exercícios extenuantes podem causar morte súbita. Por
outro lado, a gravidade da evolução depende muito da função
ventricular, da carga aterosclerótica e da presença ou não de
arritmias, bem como de comorbidades como insuficiência re-
nal ou diabetes. Portanto, pós-infarto tardio é uma fase que
requer cuidados específicos e a longo prazo.
Cuidados pós-infarto agudo do miocárdio
A Residência em cirurgia foi criada nos Estados Unidos, no
Johns Hopkins Hospital, pelo cirurgião William Halsted em
1889, e em medicina interna por William Osler em 1890. Cris-
talizou-se, então, um conceito de ensino: “É fazendo que se
aprende”.
No Brasil, em 1977, o Ministério de Educação, instituiu a Co-
missão Nacional de Residência Médica (CNRM). A Cirurgia
Cardiovascular teve como pioneiros professores de Cirurgia
Geral que, ao criarem a residência da especialidade, exigi-
ram dos candidatos um pré-requisito. Estabeleceu-se que a
residência em Cirurgia Cardíaca seria de 3 anos, com pré-re-
quisito de 2 anos em cirurgia geral. Este paradigma durou até
este ano.
A partir de 2018, a residência da especialidade passa a ser de
5 anos sem exigência do pré-requisito. Com 5 anos de dura-
ção, a especialização será reformulada, com o ensino de he-
modinâmica, radiologia, técnicas endovasculares, assistência
circulatória ampla, transplantes, operações minimamente in-
vasivas, mantendo-se o core tradicional, sem prescindir do
importante treinamento em emergências.
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