Jornal SBC 183 | Outubro 2017

Coração Valente Defesa Profissional por Walter Gomes Walter Gomes é Professor Titular de Cirurgia Cardiovas- cular da Escola Paulista de Medicina - Unifesp, Editor Associado do Brazilian Journal of Cardiovascular e diretor de Qualidade Assistencial da SBC Foto: Divulgação SBC Novas e crescentes ameaças se avultam na prática médica Em reunião do Conselho de Defesa Profissional da Associação Médica Brasileira - AMB - realizada em sua sede em São Paulo, em 29 de agos- to, foram discutidas as mudanças que estão à vista, principalmente do mer- cado de trabalho e remuneração, face à grande mudança do cenário que se aproxima. Além do grave problema recorrente da baixa remuneração, no- vas formas de prática médica tem se espalhado, como as clínicas de baixo custo (onde a remuneração médica é ainda menor) e o aparecimento dos aplicativos de consulta médica. Foram apresentadas e discutidas as principais formas e os modelos de remuneração dos serviços médicos e de saúde sob o ponto de vista dos profissionais e prestadores de servi- ços de saúde. Para discussão dos modelos de re- muneração que estão sendo con- duzidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS, a classe médica não foi consultada sobre a melhor forma de pagamento. Res- salte que a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Mé- dicos - CBHPM - pode e deve ser a forma adotada em qualquer um dos modelos de remuneração que foram discutidos. Soma-se a estes fatores a grande quantidade de médicos que adentra o mercado de trabalho, pela prolifera- ção desenfreada de escolas médicas no país. Pela primeira vez, o espectro do de- semprego e subemprego começa a assolar a profissão, já afetando os re- cém-formados, e, seguradamente, a situação irá repercutir em toda a clas- se médica. Esse quadro começa a se estender para a nossa especialidade, na qual cardiologistas recém-forma- dos já têm dificuldade de encontrar emprego em grandes centros e en- frentam redução dos honorários. Para enfrentar esta depauperação da profissão, a criação e o fortalecimen- to da Frente Parlamentar da Medicina passam a ser mandatórios para de- fender as ações de política nacional de saúde, e os interesses de médicos e pacientes. A ação política para ele- ger médicos compromissados com os projetos de saúde e defesa da classe médica também é essencial. Recomendamos a maior participação dos cardiologistas nos debates des- tes temas. No próximo congresso em São Paulo em novembro, o II Fórum de Qualidade Assistencial e Defesa Profissional proporcionará oportuni- dade de ampliar as discussões em busca de soluções para o grave pro- blema que hoje enfrentamos. Não deixe de participar! 4

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