Jornal SBC 135 | Outubro 2013 - page 15

Jornal SBC 135 | Novembro 2013
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ESQUINA CIENTÍFICA
Luís Beck da Silva |Co-editor
Cardiologia da Mulher
Estrógenos Equinos Conjugados (EEC) elevam
risco de trombose venosa quando comparados
ao estradiol para Terapia de Reposição Hormonal
(TRH), em estudo de caso controle
Estudocasocontrolebaseadonumcohort demulheres
comparando o uso de EEC com estradiol. Duzentas
e uma mulheres ficaram no grupo controle entre
janeiro de 2003 até o fim de 2009. Posteriormente foi
avaliado o índice de trombose venosa e verificou-se que
ocorreu um risco relativo de 2,7 para o EEC. Incidência
de IAM e AVC ligeiramente maior no grupo de EEC não
teve maior significância estatística. Em subestudo de
140 controles, usuárias de EEC mostraram significante
aumento na relação de sensibilidade da proteína C
ativada normalizada, baseada no potencial da trombina
endógena, indicando forte propensão a coágulo.
Estudos posteriores poderão confirmar esses achados,
servindo de alerta para escolha de medicações de
menor risco a ser feito na TRH.
Fonte:
Heartwire
Referência:
Heartwire Oct 01 2013/Medscape
Orlando Medeiros
Presidente do Departamento de Cardiologia da Mulher
ESTILO DE VIDA
O estilo de vida é a vida que se leva
É com enorme responsa-
bilidade que inicio esse curto
período em substituição
ao colega Marcus, que
com
tanta
competência
vem
preenchendo
com
sua sabedoria esta coluna
dedicada ao estilo de vida. O
que me deixa tranquilo é que
esse período é curto e assim
não haverá nem tempo para
sentir saudade.
Na verdade, tenho um estilo diferente de escrever, e os
colegas que toleram os meus escritos me consideram
um contador de histórias. E assim, pretendo completar
esse ciclo da Diretoria - Gestão 2012/2013 cumprindo
essa tarefa de escrever esta coluna .
Caso fosse perguntado ao pernambucano Nelson
Rodrigues o que ele definiria como estilo de vida,
certamente a sua definição seria: “é a vida que se
leva”. Por isso escolho este título para essa minha
primeira intervenção.
Costumo acordar cantarolando aquela música de Chico
Buarque, que diz mais ou menos assim: “todo dia ele(a)
faz tudo sempre igual, se sacode às 6 horas da manhã”.
Vejam que a letra está modificada por mim porque,
embora tendo uma extraordinária companheira, não
tenho ninguém para me “sacudir”. Quem às vezes me
sacode é o despertador, sempre programado para
6 horas da manhã. Digo às vezes, porque sempre
antecipo o despertar programado nele. Aliás, isso se
tornou para mim uma tarefa mental, essa de vencer a
máquina. Embora, sempre aguarde deitado a ordem
emitida por ela para me levantar. Essa é a vida que levo
para despertar.
Costumo ir para o banheiro ainda cantarolando amúsica
de Chico, e isso irrita os filhos que vêm chegando e
aguardando na fila do banho. Todos de cara fechada e
certamente revoltados por terem que acordar tão cedo.
A minha alegria ao despertar para enfrentar a rotina da
vida é tremendamente irritante para eles. Certamente,
depois de minha passagem para o céu ou inferno, eles
sentirão falta desse cantarolar. Toda rotina saudável,
mesmo irritante, um dia faz falta, principalmente
quando já não houver possibilidade de resgate.
Como moro perto da praia, posso seguir para o trabalho
olhando o mar. Posso até vigiar os clientes para os quais
recomendo caminhadas diárias. Muitas vezes até paro
o carro para cumprimentá-los por seguirem minha
recomendação. É muito bom saber que muitas pessoas
podem chegar ao trabalho um pouco mais tarde do
que eu, ou quem sabe, nem precisem trabalhar. Isso é
certamente uma bela vida que se leva.
Fiz opções pela vida que venho levando que não me
permitem parar de trabalhar. Já refleti que vou morrer
dormindo, ou trabalhando. Quem sabe mesmo indo
para o trabalho. A única chance diferente é se a dama de
preto me surpreender num dia de domingo, mas ainda
assim vai me pegar na cama, onde gosto de passar boa
parte desse dia. E essa é a vida que eu levo.
Trabalho de 7h às 20h no consultório, quando não estou
viajando a trabalho. Dedico uma hora para o almoço,
quase sempre nas proximidades da minha clínica, e
um pouco mais de tempo nas quartas-feiras, quando
procuro sempre almoçar em família (nunca em casa),
mas em algum local perto da clínica, para onde se
dirigem os familiares que podem. Mesmo assim, nunca
almoço sozinho. Sempre fico implorando para algum
filho me acompanhar. Por enquanto vou conseguindo
comovê-los a não me deixar sozinho na hora do almoço.
Não existe solidão maior que a de comer sozinho. E essa
é uma vida difícil de levar.
E aí volto à música de Chico:“vem a tarde (que para mim
é noite), e como era de se esperar”, retorno para casa,
nunca depois da hora de minha novela favorita (que é
sempre a mais recente).
E aí o leitor (se essas besteiras forem lidas por alguém)
pode ficar questionando o que isso tem a ver com estilo
de vida. E vou responder: estilo de vida é deixar que a
vida que se leva lhe faça ser feliz, permitindo que o seu
“entorno” também usufrua dessa felicidade. E, sendo
assim, posso dizer: que a minha vida tem estilo porque
me faz ser um homem feliz.
Marco Mota |Co-editor
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