Jornal SBC 135 | Outubro 2013 - page 16

Jornal SBC 135 | Novembro 2013
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Atendendo a solicitação do
nosso editor, Fábio Vilas-
Boas, estamos inaugurando
esta coluna que vem ao
encontro das expectativas
de muitos associados com
interesse em aumentar seus
conhecimentos pelo vinho.
Essa bebida milenar e
tão
fascinante
cresce
sua presença entre os
cardiologistas
que,
nos
últimosanos,impulsionados
tambémpelas evidências científicas indicando benefícios
ao coração, aderiram ao seu consumo mais regular.
NO CORAÇÃO DO VINHO
Luiz Antonio Machado César
Como beber um bom vinho
importante, seu paladar. Bastam alguns ajustes e
regras práticas para saber mais e beber melhor!
O prazer se inicia na análise visual, depois olfativa
e gustativa; sorver o vinho é apenas o coroa-
mento final.
A primeira dificuldade do iniciante está na escolha
de um rótulo diante de quase 200 mil no planeta.
Para os tintos, sugiro começar pelos “blend” ou
“assemblage”
mistura
de
vinhos
de
várias
uvas – ao invés dos varietais, vinhos de uma só uva.
Para os brancos, os varietais de uvas aromáticas
(sauvignon
blanc,
chardonnay)
costumam
agradar mais quemestá aprendendo.
Vinhos brancos
Recomendo dois vinhos
da uva sauvignon blanc
(SB), que têm como
“berço” o Vale do Loire
na França. Para nossa
sorte, a SB se adaptou
bem fora da França,
em alguns países do
Novo
Mundo,
com
preços mais acessíveis
e mantendo os aromas
típicos de frutas cítricas,
frescor e boa acidez.
O primeiro vem do Chile, da Casa Lapostolle, um
excelente produtor do Vale Central. Esse varietal da
uva SB tem no visual cor amarelo-palha com reflexos
verdeais, aromas cítricos de limão, abacaxi e maracujá,
com boa acidez e muito frescor. Combina muito bem
com frutos do mar, queijos de cabra e queijos brancos.
A temperatura adequada para bebê-lo é em
torno de 12-14 graus. A importadora é a Mistral
(
) e o preço está em torno dos
R$ 60,00.
O segundo vinho que recomendo vemdaNova Zelândia,
da região de Marborough, famosa por seus SB. Trata-
se do Sileni produzido por Graeme Avery em Hawke's
Bay. Ótima acidez, frescor e intensamente aromático,
predominando as frutas cítricas. Comparativamente
ao chileno, apresenta toques minerais, lembre-se do
“cheiro” da pedra de isqueiro. Acompanha bem frutos
do mar e peixes. Também importado pela Mistral e custa
em torno de R$ 90,00. Não esqueça que os vinhos da
uva SB devem ser consumidos muito jovens, de safras
com, no máximo, até três anos. Bom proveito.
Casa Lapostolle, Chile
Preço médio: R$ 60,00
Sileni, Nova Zelândia
Preço médio: R$ 90,00
Vinhos tintos
Minha primeira indicação
é um espanhol da região
de Montsant (Catalunha),
do produtor Celler Besllum.
Trata-se do Besllum 2008
(BesYUM em catalão), feito
com um blend de uvas de
vinhas velhas: cariñena
(45%), garnacha (45%) e
syrah (10%) e amadurecido
em carvalho francês novo
por 16 meses. Recebeu 93
pontos (escala até 100) de
Robert Parker (RP), o mago
do vinho, conhecido como
“The Nose”. No visual, apresenta cor purpura intensa
e pouco translúcida, que tinge a taça com lágrimas
numerosas, compatíveis com os 14% de teor alcoólico.
No olfato, aromas de frutas negras (cassis, ameixa e
blueberries), com toques florais de lavanda, cedro e
notas cítricas. Após alguns minutos na taça, evolui
com nuanças de pimentão, especiarias, alecrim, couro
e chocolate. Na boca tem um bom ataque, com corpo
médio, equilibrado com ótima acidez, sem sobrar
álcool. Os taninos são de boa qualidade, paladar de
frutas vermelhas maduras, com toque tostado e boa
persistência, com agradável final de boca. Está pronto
para consumo, mas acredito que pode melhorar com
uns cinco anos de guarda. Combina bem com carnes
vermelhas em molho.
Minha segunda sugestão é um italiano do Piemonte, da
vinícola Tre Donne, localizada no topo de uma colina
na área Langhe, onde os vinhos Barolo e Barbaresco
nasceram. Trata-se do Tre Donne Langhe Nebbiolo
Rosso Barbari DOC 2009, 100% da uva nebbiolo, possui
cor violeta escura, quase impenetrável. Aromas de frutas
vermelhas, tabaco e chocolate são encontrados em
plena harmonia. Na boca, taninos suaves, marcados por
uma imponente estrutura que fecha em elegantes notas
balsâmicas. Um vinho bem equilibrado, com 13% de
álcool, e passa 12 meses em barris de carvalho francês.
O poder tânico da nebbiolo faz que harmonize bem
com massas de molhos fortes, carnes bem temperadas,
grelhados e assados.
Ambos são da importadora Grand Gru, o primeiro a
R$ 83,00 e o segundo a R$ 89,00. Contato: eliane@
grandcrumoema.com.br.
Aproveitem! Santé!
Besllum, Espanha
Preço médio: R$ 83,00
Barbari, Itália
Preço médio: R$ 89,00
Almir Sérgio Ferraz
Essa bebidamilenar e
tão fascinante cresce
sua presença entre os
cardiologistas”
Não é preciso ter conhecimento sobre as técnicas de
degustação profissional para apreciar amplamente
um bom vinho. Você já possui o instrumento mais
Almir Sérgio
Ferraz | Co-editor
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