Jornal SBC 149 | Dezembro 2014 - page 31

Jornal SBC 149 · Dezembro · 2014
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Bioética de Consultório
Max Grinberg
Hipoatenção atitudinal sistemática
Cresce a insatisfação do
paciente com o médico. A
declarada. Com razão? Sem
razão? Depende do olhar. O
estrábico não é incomum.
Percepção com discordâncias
contenciosas. Pior quando
há miopia do médico.
Cenário para o diagnóstico
de Hipoatenção Atitudinal
Sistemática (HAS). Doença
endêmica da beira do leito.
A insuficiência de comunicação é a
etiopatogenia
da
HAS.
Raramente
assintomática. Falta de ar amistoso, taquicardia
mental e síncope de vínculo são sintomas.
Muitas auscultas e tantas imagens sustentam
o diagnóstico.
Evidências apontam para a fisiopatologia:
preenchimento das lacunas de informação
e de esclarecimento por material anômalo
e hipercrômico. Destacam-se a analogia
e a imaginação. Resultam graus variáveis
de distorção morfofuncional. Rápida
propagação. Gravidade pela falência do
bom senso.
Há condutas terapêuticas. Via oral. Costumam
deixar sequelas, contudo. A prevenção é o
recomendável. Atenção primária. Informação
e esclarecimento são recomendações I A.
Benefício e segurança para evitação do bloqueio
da condução do diálogo.
Imagino o leitor reagindo: Exagero! Eu dou
atenção e nunca tive um caso. Parabéns! Você
faz parte da maioria.
Mas a minoria existe. A que recebe
uma cartinha do CRM avisando que foi
denunciada. Suspeita de infração ética.
Oxalá ela possa ser reduzida. Alertemos,
pois, o jovem. Principalmente. Enquanto ele
é célula-tronco multipotente.
O Residente de Cardiologia, por exemplo.
Surfa na diretriz. Patina no que diz. Embaça
o espelho que reflete sua boa atitude. Mal
dito torna-se maldito. Comburente perigoso.
Incendeia insatisfações. Apagar, é fogo!
Não basta ser, tem que causar. Lição da beira
do leito. Sala de aula do médico.
Orientações para a prevenção da HAS estão
disponíveis nos quatro encantos da literatura
médica e não médica: saber, sabedoria,
aplicabilidade e eficácia. Destaco duas
cautelas com a atenção ao paciente.
A primeira: Ouvir-se falar. Falamos para o
paciente ouvir. Mas precisamos do “retorno”
auditivo. Uma autocrítica “
online
” sobre a
quantidade e qualidade das palavras. Estamos
mais técnicos do que deveríamos? Menos
humanos do que se espera?
A segunda: Ouvir-se ouvir. Quem nunca
“desligou”? O pensamento “viajou” ou já
desenvolve a próxima ação? Por mais que
sejamos “Windows” da Microsoft, várias
janelas abertas para muitos horizontes, a
atenção à fala do paciente-interlocutor aqui e
agora tem que ser a prioridade na tela.
A propósito: A Hipoatenção Atitudinal
Sistemática está incluída no CID Erre Zero!
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