Jornal SBC 151 | Fevereiro 2015 - page 20

Jornal SBC 151 · Fevereiro · 2015
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Nova Geração
A primeira Liga Acadêmica, chamada Liga de
Combate à Sífilis, foi fundada na década de
20 do século passado, na FMUSP. Nessa época
sobrechegavam outras ligas pelas faculdades de
medicina no Brasil, como, a Liga de Emergência
e Trauma da UFPE.
O crescimento desses grupos ocorreu no
período da ditadura militar brasileira, com a
intenção de questionar o método de ensino
universitário presente, assim como o destino e
aplicação dos avanços técnicos-científicos que
eram desenvolvidos nesses centros acadêmicos,
porém não destinados à população.
Uma nova expansão ocorreu no momento
das reformas curriculares das faculdades
médicas brasileiras, durante a década de 1990,
a fim de suprirem as carências curriculares e
adaptarem‑se às mudanças. Logo, como pode
ser visto, as Ligas sempre estiveram envolvidas
e foram influenciadas pelo contexto, pela
realidade acadêmica e social que a rodeavam.
As Ligas Acadêmicas concedem vários privilégios
para seus membros: o contato precoce com
paciente pode contribuir para a desinibição e
antecipar o desenvolvimento de habilidades
necessárias ao desenvolvimento de uma
adequada relação médico-paciente; garantir
acesso desde o início aos fatores que influenciam
e permeiam o binômio saúde-doença,
permitindo sua compreensão e a observação das
necessidades da comunidade e a integralidade
da assistência à saúde.
O aluno integrante dessas entidades desenvolve
o senso crítico e o raciocínio científico.
Há possível ampliação do conhecimento teórico/
prático adquirido em palestras, discussões com
professores, médicos residentes e nos plantões.
Além disso, adquire conhecimentos práticos
sem a pressão curricular natural, permitindo que
o aluno faça escolhas de maneira consciente,
planejada, de forma ativa e livre. Ainda, que
tenha iniciativas inovadoras e aprenda a trabalhar
com questões não apenas ligadas à área médica.
O envolvimento inevitável com a parte burocrática
e gestão aumenta a qualidade da formação
médica e dos multiplicadores de informação
aos cidadãos, uma vez que os integrantes
atuam junto à comunidade em suas atividades.
Esse envolvimento certamente contribuirá para
a geração de médicos mais éticos, reflexivos e
críticos, com senso de responsabilidade social,
dispostos a procurar ativa e permanentemente o
conhecimento. Dessa forma, é possível verificar
que o papel das Ligas Acadêmicas está muito além
do currículo oficial do estudante de Medicina.
Porém, no próximo artigo, vou relatar uma
“crise” que as Ligas estão sofrendo.
O panorama de uma Liga Acadêmica de
Medicina - parte 1
Guilherme Benfatti Olivato
Acadêmico do sexto ano de
Medicina da Faculdade de
Medicina de Itajubá e diretor
de Ligas da Sociedade Brasileira
das Ligas de Cardiologia
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