Jornal SBC 169 | agosto 2016 - page 31

Protásio Lemos da Luz é professor sênior de Cardiologia do InCor
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - FMUSP
Relação Médico Paciente
por Protásio Lemos da Luz
Conhecimento fisiopatológico é a base da terapêutica.
Sem entender como a doença nasce, como se desenvolve,
como produz complicações e como causa a morte não é
possível propor tratamentos baseados em conhecimentos
científicos firmes. No passado órgãos e sistemas eram a
base de uma fisiopatologia hoje considerada rudimentar.
Alterações na hemodinâmica cardíaca ou da função he-
pática denunciados por sinais clínicos como edema ou
icterícia indicavam que os órgãos estavam em falência. A
célula era um mistério; os genes, mais ainda. Nos últimos
tempos, técnicas de marcação de proteínas intracelulares,
moléculas, imagens e biomarcadores plasmáticos permiti-
ram analisar mecanismos intracelulares e moleculares que
mostram com grande precisão como as células funcionam.
Essa nova era tem profundas implicações. No ensino
médico, porque os alunos devem aprender o presente,
mas também se preparar para aprender no futuro; isso
não é possível sem entender a fisiopatologia moder-
na. Não é possível também compreender os trabalhos
recentes de pesquisa, hoje predominantemente ba-
seados em fisiologia e fisiopatologia subcelulares. Na
prática clínica, porque os métodos diagnósticos ten-
dem a se basear em técnicas modernas identificando
marcadores ou genes, bem como dosagens de novos
parâmetros no sangue. Tratamentos com anticorpos
monoclonais também se baseiam nesses novos con-
ceitos. Isso sem falar nas profundas implicações na
pesquisa.
Portanto, escolas médicas e médicos praticantes em
geral precisam se atualizar com essas novas técnicas e
conceitos. Do contrário ficarão à margem da medicina
moderna e futura.
Medicina moderna,
ensino e a prática médica
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