ABC | Volume 108, Nº3, Março 2017 - page 104

Carta ao Editor
Determinantes do prognóstico após o implante de cardioversores-
desfibriladores no Brasil
Prognosis Determinants after Cardioverter-Defibrillators Implantation in Brazil
Arn Migowski e Regina Maria de Aquino Xavier
Instituto Nacional de Cardiologia, Rio de Janeiro, RJ – Brasil
O estudo de Silva et al.
1
apresentou o resultado de uma
série de casos de um registro unic ntrico de dispositivos
cardíacos implantáveis, incluindo 28 implantes de
cardioversores‑desfibriladores (CDI) isolados e 14 associados
à ressincronização (TRC-CDI), além de procedimentos para
troca de gerador e manuseio de cabos-eletrodos. Os implantes
de CDI e TRC-CDI foram considerados os mais fortes preditores
de readmissão hospitalar durante período de seguimento de
6 meses após o procedimento cirúrgico, embora não tenha
ficado claro se houve ajuste pelas variáveis classe funcional ou
fração de ejeção do ventrículo esquerdo.
1
Recentemente publicamos os resultados de seguimento de
curto, médio e longo prazos de todos os implantes de CDI e
TRC-CDI pagos pelo SUS em todo o Brasil entre 2001 e 2007,
incluindo 3.295 implantes de CDI em 85 hospitais e 681 de
TRC-CDI em 50 hospitais.
2
Em nosso estudo, quando comparados ao grupo com
implante de CDI, os pacientes submetidos a implante de
TRC-CDI tiveram pior mortalidade realtiva ao procedimento e
também pior sobrevida no médio e longo prazos.
2
Já no estudo
de Silva et al.,
1
aparentemente não houve pior prognóstico de
curto prazo dos pacientes submetidos à TRC-CDI com relação
aos submetidos a implante de CDI, ao menos no que se refere
à readmissão hospitalar. Com relação ao tempo de sobrevida,
seria interessante a estratificação por tipo de dispositivo, uma
vez que a sobrevida em 6 meses apresentada
1
pareceu baixa
com relação aos nossos achados,
2
especialmente considerando
que a maioria dos implantes foi de marca‑passo.
1
O percentual
de CDI dupla câmara também seria uma informação
interessante, tendo em vista que alguns estudos apontam a
associação com piores resultados.
2
Observamos no estudo multic ntrico nacional que o tipo
de técnica utilizada para o implante de TRC-CDI influenciou
na mortalidade no curto prazo, e que houve uma queda
importante de sobrevida em torno do quarto ano após o
implante inicial nesse grupo, possivelmente relacionada a
complicações associadas à necessidade de reintervenção.
2
Seria interessante saber a magnitude das reintervenções no
curto período de seguimento do registro unic ntrico e os
possíveis impactos das técnicas de implante nos desfechos.
A maior representatividade de pacientes com cardiopatia
chagásica no grupo com complicações no estudo de
Silva et al.
1
pode ter relação com o tipo de dispositivo
implantado. Em nosso estudo, os pacientes com cardiopatia
chagásica não tiveram pior prognóstico quando comparados
àqueles com cardiopatia isqu mica,
2
de forma semelhante
a outro estudo publicado recentemente em Arquivos
Brasileiros de Cardiologia.
3
Correspondência: Arn Migowski •
Rua das Laranjeiras 374, Instituto Nacional de Cardiologia, 5o andar.
CEP 22240-006, Laranjeiras, RJ – Brasil
E-mail:
Artigo recebido em 30/11/2016, revisado em 26/01/2017, aceito em 26/01/2017
Palavras-chave
Dispositivos de Terapia de Ressincronização; Desfibriladores
Implantáveis; Cardiomiopatia Chagásica; Análise de
Sobrevida, Brasil.
1. Silva KR, Albertini CM, Crevelari ES, Carvalho EI, Fiorelli AI, Martinelli M
Filho, et al. Complications after surgical procedures in patients with cardiac
implantable electronic devices: results of a prospective registry. Arq Bras
Cardiol. 2016;107(3):245-56.
2. Migowski A, Ribeiro AL, CarvalhoMS, Azevedo VM, Chaves RB, Hashimoto
Lde A, et al. Seven years of use of implantable cardioverter-defibrillator
therapies: a nationwide population-based assessment of their effectiveness
in real clinical settings. BMC Cardiovasc Disord. 2015;15:22.
3. Pereira FT, Rocha EA, Monteiro Mde P, Lima Nde A, Rodrigues Sobrinho
CR, Pires Neto Rda J. Clinical course after cardioverter-defibrillator
implantation: Chagasic versus ischemic patients. Arq Bras Cardiol.
2016;107(2):99-100.
Referências
DOI:
10.5935/abc.20170034
283
1...,94,95,96,97,98,99,100,101,102,103 105,106,107,108
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