ABC | Volume 108, Nº3, Março 2017 - page 105

Carta ao Editor
Migowski & Xavier
Prognóstico após o implante de CDI
Arq Bras Cardiol. 2017; 108(3):283-284
Carta-resposta
Os cuidados com portadores de dispositivos cardíacos
eletr nicos implantáveis (DCEI) exige, cada vez mais, a
atenção às diferentes apresentações clínicas desses pacientes.
Tais diferenças t m se acentuado em função de dois fatores
principais: aumento da longevidade da população, que fez
aumentar as comorbidades, e a frequ ncia cada vez maior
de pacientes com miocardiopatia e disfunção ventricular.
Acreditamos que a principal mensagem desta publicação
é a comprovação, por meio de dados derivados da prática
clínica real, de que os pacientes mais idosos, assim como os
portadores de disfunção ventricular esquerda grave, estão
mais propensos a apresentar eventos clínicos relacionados ou
não à doença cardíaca, que exigem readmissões hospitalares
e que, portanto, devem ser observados mais de perto, com
o objetivo de evitá-los.
Sem sombra de dúvida, a incorporação dos CDIs e da
TRC ao rol de procedimentos da estimulação cardíaca
artificial trouxe um contingente considerável de pacientes
com insufici ncia cardíaca grave, o que não era tão
frequente quando os únicos dispositivos implantados eram
os marca-passos. E é muito provável que este seja o motivo
da associação citada no comentário. No que diz respeito
especificamente à relação da doença de Chagas com os
óbitos, nosso estudo não foi desenhado com essa finalidade
e nem teria poder de amostra para esse fim.
Tecer qualquer tipo de comparação entre os resultados
do estudo presentemente publicado e os da publicação dos
autores do comentário, entretanto, nos parece impossível.
Enquanto nosso estudo é uma análise prospectiva, de dados
primários colhidos de uma população de pacientes com todos
os tipos de dispositivos implantáveis, tratada em um único
centro altamente especializado, acompanhada ativamente
pelos próprios pesquisadores; o estudo de Migowski et al
é uma análise retrospectiva, de dados secundários obtidos
de bases administrativas do SUS, de uma população de
pacientes com cardio-desfibrilador implantado em vários
centros, com nível de especialização variável. Além disso, as
informações de seguimento são evidentemente incompletas,
até porque, os próprios autores do estudo informam que
censuraram todos os óbitos de causa não relacionada à
cardiopatia ou ao tratamento realizado.
Parece-nos que tentar fazer esse tipo de comparação, seria
como comparar o vinho de uma garrafa de um único produtor
com a água de um recipiente cujas amostras são oriundas de
diferentes fontes.
Katia Regina da Silva
Caio Marcos de Moraes Albertini
Elizabeth Sartori Crevelari
Eduardo Infante Januzzi de Carvalho
Alfredo Inácio Fiorelli
Martino Martinelli Filho
Roberto Costa
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