Jornal SBC 139 · Fevereiro · 2014
26
meningoencefalite. O envolvimento cardíaco se
expressa com graus variáveis de disfunção cardíaca
e frequentes alterações no eletrocardiograma que
vão desde alterações da repolarização ventricular,
complexos de baixa voltagem, arritmias, bloqueios
átrio-ventriculares e de ramo. Um achado comum
ao ecocardiograma são os derrames pericárdicos.
O diagnóstico é feito com a visualização à fresco
do parasita, ou a realização de sorologia por dois
métodos laboratoriaisdistintos, a imunoflorescência
indireta, e a hemaglutinação ou Elisa. O tratamento
da fase aguda pouco avançou neste século de
descoberta da doença. O benzonidazol é a única
medicação disponível, porém sem evidência
alguma de benefícios na mudança da história
natural da fase aguda, comdiversos efeitos adversos
graves.
A doença de Chagas emerge em pleno século XXI
em uma nova forma de transmissão e aspectos
clínicos peculiares principalmente a letalidade com
evolução grave e óbitos na fase aguda.
Acreditamos que a prevenção é a melhor maneira
de lidarmos com a doença e que é necessário
investimento urgente dos gestores da saúde e dos
órgãos de fomento a pesquisa, em fármacos que
possibilitemacurada infecçãosemquehaja reações
adversas graves. Desta forma minimizaremos a
expansão da doença e o risco dela se globalizar e
tornar-se uma endemia mundial.
Referências:
Andrade JA, Marin-Neto JA, Paola AAV, Vilas-Boas F.
Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz Latino
Americana para oDiagnóstico e TratamentodaCardiopatia
Chagásica. Arq Bras Cardiol 2011; 97(2 supl.3):1-48.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância
em Saúde. Consenso Brasileiro em Doença de Chagas.
Rev Soc Bras Med Trop, 38 (supl. III): 30, 2005.
Pinto AYN, Valente AS, Valente VC, et al. Fase aguda da
doença de Chagas na Amazônia brasileira: estudo de 233
casos do Pará, Amapá e Maranhão observados entre 1988
e 2005. Rev Soc Bras Med Trop. 2008; 41(6):602-14