Jornal SBC 139 | Fevereiro 2014 - page 25

Jornal SBC 139 · Fevereiro · 2014
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DoençadeChagasAguda. Oatualmomentona
Amazônia brasileira
Após 100 anos da descoberta
da doença de Chagas, o
controle da infecção continua
sendo um desafio para a
vigilância em saúde no Brasil.
Imaginava-se que a infecção
iria estacionar ou até mesmo
ser extinta, e o Brasil recebeu
em 2006 a certificação da
Organização Panamericana
de Saúde (OPAS) quanto à
erradicação por transmissão
vetorial pelo Triatoma Infestan.
Porém ao contrário do que se esperava a doença
ressurge na forma aguda em várias regiões do país,
especialmente na região norte com modalidade
pouco conhecida de transmissão, envolvendo
a via oral devido a contaminação de alimentos
com fezes ou excretas de vetores e reservatórios
contendo o T. Cruzi.
Diversos fatores têm contribuído além das baixas
condições sócio econômicas, principalmente
as migrações humanas como o desmatamento
desordenadomudando a ecologia dos triatomíneos
que passam a conviver com o homem.
De acordo com o Ministério da Saúde, o Pará é o
Estado da Amazônia Legal, que vem apresentando
frequente número de notificações da forma aguda,
e protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde
torna a doença aguda como sendo de notificação
compulsória e imediata. De 2006 à 2012 registrou-
se 926 novos casos sendo a maioria relacionados
com a transmissão por via oral. As condições
precárias de higiene dos alimentos, principalmente
o processamento do açaí estão envolvidos neste
processo, pois muitos vetores são triturados com
o fruto. Outros tipos de alimentos também podem
ser contaminados por fezes ou urina de animais
contaminados. Em muitos casos a infecção assume
peculiaridades regionais com transmissão por
surtos de microepidemia familiar.
A maioria dos indivíduos que se infectam pela via
oral apresenta sintomatologia mais exuberante
em relação aos sintomas clássicos. Ocorre febre
vespertina em quase todos os infectados por mais
de sete dias, com aspectos inespecíficos muito
semelhantes a de outras infecções comuns na
região como por exemplo febre tifoide ou o
calazar, sendo raro sinal de Romanã ou o chagoma
de inoculação. Entretanto pouco se sabe sobre a
morbimortalidade da forma aguda, sendo descrito
mortalidade de 5 a 10% por miocardite aguda e ou
Opinião
Foto: Imagem meramente ilustrativa
Dilma de Souza
Profº. Adjunta da Disci-
plina de Cardiologia da
Faculdade de Medicina
da UFPA
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