Jornal SBC 150 · Janeiro · 2015
9
Prevenção
Para um paciente que tem problemas de coração
e vai fazer uma viagem, principalmente se for
para um país no qual não há muitos recursos ou a
língua é um entrave, é altamente recomendável
indicar vacinas contra a gripe e a pneumonia.
A indicação é da presidente da Sociedade
Brasileira de Imunizações - Regional São Paulo,
Monica Levi, que lembra, porém, que as vacinas
devem ser tomadas com pelo menos duas
semanas de antecedência, para que o organismo
tenha tempo de produzir os anticorpos.
A vacinação contra gripe e pneumonia
é de importância fundamental para os
cardiopatas, já que essas infecções podem
levar a complicações mais graves ou mesmo
descompensar a doença de base. Esse é o
motivo pelo qual o Ministério da Saúde vê o
cardiopata como paciente de risco aumentado
de complicações da gripe e, portanto,
oferece vacinação gratuita anual. Segundo a
especialista, vale a pena considerar se não é o
caso de vacinar toda família que vai à viagem.
Afinal, um passeio aos Estados Unidos ou à
Europa, no inverno, pode expor o viajante a
um vírus da gripe ainda pouco difundido no
Brasil, mas contra o qual a vacina já protege.
A vacina contra a gripe é única, mas a imunização
contra pneumonia são duas vacinas: Pneumo
conjugada 13V e Pneumo 23. Por via das dúvidas,
se o viajante é cardiopata crônico, um antiviral
como o “tamiflu” deve ser incluído na bagagem.
Medicação para diarreia também é importante,
pois comida estragada ou rejeitada pelo organismo
não acostumado já estragou muita viagem.
Na dúvida, o cardiologista pode indicar ao
seu paciente um Médico do Viajante, explica
Monica Levi. “Os médicos especializados têm
condições de analisar os riscos de cada viagem
e propor as medidas preventivas adequadas
além de um plano vacinal individualizado”,
diz. Se o viajante vai fazer trilhas no interior da
Amazônia ou planeja ir ao Vietnã, é preciso se
vacinar contra febre amarela e, dependendo
do saneamento do ponto de destino, Índia ou
Sudeste Asiático, vacina contra febre tifoide e
salmonela podem ser indicadas.
A médica, que também atua na Cedipi,
clínica especializada em doenças infecciosas,
recomenda a consulta para viajantes de risco
porque muitas orientações e prevenções
podem evitar surpresas desagradáveis para
quem viaja. Para a malária, por exemplo, ainda
não há vacina, mas a profilaxia pode ser feita
com drogas profiláticas. “O especialista dirá,
porém, se é o caso, pois é diferente ir a Manaus
e Campo Grande, zonas urbanas, ou entrar na
mata e dormir em barraca”. A indicação pode
ser mesmo o repelente, usar meias e mangas
compridas para evitar as picadas dos insetos.
A vacinação não é importante apenas para
as férias, conclui a especialista. Afinal, com
a Copa e a Olimpíada, o Brasil já recebeu
e vai receber centenas de milhares de
viajantes, que podem chegar infectados por
vírus capazes de provocar surtos de moléstias
infecciosas, como o recente surto de sarampo
no Nordeste. É bom estar prevenido sempre.
E boa viagem.
■
Especialista em imunizações faz
recomendações para as férias
Presidente da Sociedade de Imunizações, Monica Levi, orienta que vacina tem que
ser ministrada duas semanas antes do embarque