Coração Valente
        
        
          Passou por cirurgias nos melhores hospitais de oftalmolo-
        
        
          gia do Brasil e dos Estados Unidos, mas só recuperou um
        
        
          quarto da visão direita. “Depois do diagnóstico definitivo,
        
        
          iniciei a fase de adaptação. Nunca tive grandes problemas
        
        
          de não aceitação ou depressão. Comecei a adaptação no
        
        
          Instituto dos Cegos em Fortaleza, onde, entre outras coi-
        
        
          sas, aprendi Braile. Mas a tecnologia me ajudou muito”,
        
        
          explica Chaves, que faz acompanhamento periódico com
        
        
          um ex-colega de medicina que se especializou em oftal-
        
        
          mologia, Leria Andrade Neto.
        
        
          Com a ajuda dos amigos Eudesio Nobre e Fátima Pinto,
        
        
          que sempre estudavam com ele, Chaves terminou a
        
        
          residência e, em 1992, prestou concurso para trabalhar
        
        
          no Hospital de Messejana, em Fortaleza. Passou em
        
        
          primeiro lugar e atende no Ambulatório de Cardiologia
        
        
          até hoje. Rotina que ele também cumpre no Hospital
        
        
          das Clínicas da Universidade Federal do Ceará. “Faço
        
        
          ambulatório com residentes de Clínica Médica e de
        
        
          Cardiologia. Eles ficam ao meu lado e vão anotando tudo,
        
        
          além de me auxiliarem com os equipamentos”, ressalta.
        
        
          E a rotina não para por aí. Também orienta estudantes
        
        
          internos (do 6º ano de Medicina), dá aula, promove
        
        
          atividades científicas e participa de sessões clínicas
        
        
          nos hospitais, onde são apresentados os casos mais
        
        
          interessantes para todo o corpo  clínico. “Este encontro é
        
        
          fundamental para a troca de experiência, apresentação
        
        
          de temas atuais e discussão de condutas.”
        
        
          O médico conta até hoje com a parceria dos amigos
        
        
          Eudesio e Fátima para se atualizar. Eles se encontram
        
        
          toda semana para a leitura de textos, trabalhos científicos
        
        
          e diretrizes. “Vou a dois congressos por ano, o da Socesp
        
        
          e o da SBC. Não pretendo parar tão cedo. Gosto muito
        
        
          de dar aulas, aprendo com os alunos. Sem contar que
        
        
          eles pesquisam tudo para mim. A gente tem que ser
        
        
          humilde”, conclui.
        
        
          
            “Nunca tive grandes problemas de não aceitação ou depressão. Vivo cercado de amigos.”
          
        
        
          Cardiologista que
        
        
          perdeu a visão
        
        
          antes de concluir a
        
        
          residência trabalha
        
        
          em dois hospitais de
        
        
          Fortaleza
        
        
          
            Um coração valente e dois corações solidários
          
        
        
          O cearense Roberto Cleidson Chaves aprendeu cedo que viver é superar-se. Ele tinha
        
        
          26 anos, estava no último ano de residência em Cardiologia – fazia subespecialização
        
        
          em Ecocardiograma – quando teve descolamento de retina nos dois olhos e perda total
        
        
          da visão, em decorrência de uma colisão traseira, na BR 116, próximo a Fortaleza.
        
        
          Voltava para casa depois de um dia de trabalho.
        
        
          
            Col. Roberto Cleidson Chaves
          
        
        
          26