Jornal SBC 170 | setembro 2016 - page 20

Dia a Dia do Cardiologista
A experiência de
quase morte e a
espiritualidade
Tema será abordado pela primeira
vez, com profundidade, no Congresso
Brasileiro de Cardiologia
O assunto espiritualidade tem crescido entre os médicos
e já faz parte da grade curricular de quase todas as
faculdades de Medicina dos Estados Unidos. No Brasil
ainda é pouco difundido, mas o interesse vem crescendo e
os estudantes t
ê
m formado ligas acadêmicas para estudar
o que as universidades ainda não oferecem. O número
de pesquisas pelo mundo também está aumentando.
Por isso, o tema será abordado durante o 71º Congresso
Brasileiro de Cardiologia.
OFórumde Ideias “Muito alémda Ciência – espiritualidade,
experiência de quase morte” apresentará os conceitos
sobre a Experiência deQuaseMorte (EQM). “Debateremos
todas as hipóteses levantadas para justificar a EQM,
como a hipóxia, o efeito de medicação ou efeito de
epilepsia. Os estudos demonstram que não é isso o que
acontece”, afirma o secretário do Grupo de Estudos em
Espiritualidade e Medicina Cardiovascular (Gemca) da
Sociedade Brasileira de Cardiologia, Mário Borba.
O que intriga a medicina é: quando o paciente vive a
EQM, ele vivencia uma experiência extracorporal – em
geral decorrente de uma parada cardíaca, derrame ou
em situações de anestesia em cirurgia, por exemplo –
preservando sua consciência, mesmo sem atividade
cerebral. “Como estas pessoas sem nenhuma atividade
el
étrica tê
m capacidade de memória enorme, lembrando
de tudo com uma clareza muito maior do que quando
estão ‘vivas’?”, questiona Borba.
Estudos já publicados s
ão unâ
nimes em relatar essas
viv
ê
ncias. “Hoje existem escalas que avaliam quão
profunda e intensa é a EQM.
É
a chamada Escala de
Greyson”, complementa o palestrante.
Conclusões
“Os médicos que atendem pacientes que passaram
por essa situação não param para ouvir o que eles têm
para relatar. E pior, muitos especialistas ministram
antipsicóticos para pessoas muito mais lúcidas do que em
outros momentos”, alerta
Mário Borba
.
Sobre o ceticismo dos profissionais de saúde, o secretário
do Gemca tem uma posição: “O que chamamos de c
éticos
são
colegas que ainda não analisaram os dados. Porque
todos os médicos que estudam as pesquisas passam a se
interessar pelo tema”.
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