Jornal SBC 158 | Setembro 2015 - page 7

Jornal SBC 158 · Setembro · 2015
7
Diretoria
O Atlas do Coração, trabalho inédito lançado no
Brasil Prevent, o evento de prevenção paralelo
ao 70° Congresso Brasileiro de Cardiologia,
em Curitiba, mostra que nos últimos dez anos
caiu o total de mortes causadas por derrame e
insuficiência cardíaca e aumentou o número de
mortes por infarto. As doenças cardiovasculares
matam 350 mil brasileiros a cada ano,
ultrapassando as mortes por câncer.
O Atlas, cujo nome oficial é
Panorama Atualizado
da Mortalidade do Aparelho Circulatório no Brasil
2003-2012
, é fruto de um longo estudo. “Ele
tomou por base todos os atestados de óbito de
dez anos do Brasil inteiro”, explica a diretora de
pesquisa da Sociedade Brasileira de Cardiologia
(SBC), Fernanda Consolim Colombo, que,
junto com o diretor de Promoção de Saúde
Cardiovascular da SBC, Carlos Magalhães, assina
o trabalho.
23% a menos de mortes no Paraná
O Atlas, que mostra a evolução da mortalidade
cardiovascular por sexo, faixa etária e por regiões,
tem como surpresa a redução das mortes no
Sudeste e no Sul brasileiros. Especialmente no
estado do Paraná, foi registrada queda de 23,5%
de mortes por coração ao longo dos últimos dez
anos. No período, o índice baixoude 198,6mortes
por cemmil habitantes, em 2003; para 151,1, em
2013. “Nem todos os dados são positivos”, diz
Carlos Magalhães. No mesmo período, o Pará
registrou aumento de 1,6% de mortes; o Rio
Grande do Norte, 10,8%; o Maranhão, 15,6%; e
a Paraíba, 20,5%.
Os pesquisadores agora se debruçam sobre esses
números e iniciam trabalhos para verificar o que
explica essa disparidade, possivelmente ligada ao
IDH, o Índice de Desenvolvimento Humano. “Há
algumas indicações de que a maior escolaridade
da população de estados como o Paraná é
fator importante para a redução das doenças
cardíacas”, afirma Carlos Magalhães. Ele explica
que doenças como o alto nível de colesterol e
a hipertensão arterial exigem que o paciente
tome remédios permanentemente, tenha ou não
qualquer sintoma.
“E enquanto uma pessoa mais instruída tem
grande adesão ao tratamento, não deixando de
tomar a medicação, notamos que quem tem
baixa escolaridade por vezes não leva tão a sério
a obrigatoriedade de tomar o medicamento”,
conclui. Mas as pesquisas agora iniciadas
mostrarão quais os motivos da diferença tão
grande, se obesidade, alimentação, sedentarismo
ou problemas com a medicação. “Essas
pesquisas são vitais para subsidiar os programas
de prevenção e a política de saúde pública no
Brasil”, completa Magalhães.
Primeiro Atlas do Coração do Brasil indica menos
mortes por derrame e maior mortalidade por infarto
“Notamos que quem tem baixa escolaridade por vezes não leva tão a sério a
obrigatoriedade de tomar o medicamento”, destaca Carlos Magalhães
Presidente da SBC, Angelo de Paola, e Carlos Magalhães, diretor de
Promoção de Saúde Cardiovascular da SBC
Foto: Expressa Comunicação
1,2,3,4,5,6 8,9,10,11,12,13,14,15,16,17,...36
Powered by FlippingBook