Jornal SBC 132 | Julho 2013
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ESPECIAL MANIFESTAÇÕES MÉDICAS
País foi palco de manifestações da classe médica brasileira
Rio de Janeiro, 5 de julho de 2013
Prezados colegas cardiologistas,
Como é do conhecimento de todos, estamos vivendo
um momento de instabilidade no seio da sociedade
brasileira.
O gigante acordou e trouxe para as ruas todas
as questões que inquietam a população como
educação, transporte, desigualdade social, condições
de moradia, saneamento básico, corrupção, e dentre
essas se destaca a grave questão da saúde pública no
Brasil.
Nessa quarta-feira (3/7), o país foi palco de
manifestações da classe médica brasileira em repúdio
às medidas anunciadas pelo governo brasileiro. Todas
as capitais e a maioria das grandes cidades aderiram
em forma de protesto contra as medidas com que o
governo brasileiro tenta responder ao clamor das ruas
a um tema que nunca quis resolver verdadeiramente.
O protesto nacional da classe médica é contra a
medida anunciada pela presidente Dilma Rousseff de
importar milhares de médicos formados em escolas
estrangeiras para atuar no Sistema Único de Saúde
(SUS), sem a exigência da revalidação do diploma
obtido no exterior, como prevê a legislação em vigor.
Além da revalidação dos diplomas, a classe médica
pede a implantação de um plano de carreira para os
profissionais que atuam no SUS e mais investimentos
a serem usados na saúde pública.
A posição adotada pelas instituições representativas
da classe médica, AMB e CFM, é bem clara. A de não
ser contra a vinda de médicos de outros países ao
Brasil, mas de considerar condição inquestionável
que esses profissionais devam se submeter aos testes
estabelecidos pelo Revalida, como a forma adequada
de avaliar a sua qualificação profissional, uma vez que
é sabido que muitos desses médicos são oriundos
de faculdades com currículos duvidosos e até falhos
por não cobrirem uma carga horária desejável. O
Revalida é um exame bem elaborado pelo Ministério
da Educação e do qual apenas 10% dos profissionais
ditos estrangeiros consegue aprovação.
A posição da SBC como entidade que representa
a Cardiologia brasileira é de se juntar às ações
coordenadas peloConselho Federal deMedicina e pela
Associação Médica Brasileira, abordando de forma
séria, um programa de saúde para toda a população
brasileira. Reivindicando junto às autoridades do
poder executivo soluções que não venham apenas
maquiar ou fazer de conta com planos imediatistas,
nem tampouco tirar as oportunidades dos médicos
brasileiros. Os portadores de diplomas médicos
obtidos em outros países vão colocar a qualidade
da assistência à população em situação de risco
e não garantirão a ampliação definitiva de acesso
ao atendimento nas áreas de difícil provimento. Se
médicos estrangeiros estão vindo, ou é porque não
têm oportunidades em seus respectivos países ou
não são capacitados para desenvolver a profissão
médica entre os seus pares, além de desconhecerem
a língua portuguesa.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia, na pessoa do
seu presidente Jadelson Andrade e toda sua Diretoria,
tem assumido uma posição firme e pioneira dentre
as sociedades de especialidades ao apoiar de forma
irrestrita as ações que vêm sendo implementadas
pelo CFM e pela AMB na luta que congrega toda
classe médica do país, com o objetivo comum de
alertar a sociedade brasileira dos riscos que essa
proposta do Ministério da Saúde, avalizada pela
Presidência da República, trará à população, e
demover essa equivocada proposta, provavelmente
de cunho ideológico e sem qualquer estudo prévio,
demonstrando benefícios reais principalmente à
população carente do nosso país.
Não queremos e não aceitaremos duas medicinas no
Brasil, a do rico e a do pobre.
A população merece respeito e, por conseguinte, a
honrada classe médica brasileira!
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José Xavier deMelo Filho
Diretor de Qualidade Assistencial
Sociedade Brasileira de Cardiologia