Pesquisa
da SBC foi apresentada no Fórum Global de Doenças Transmissíveis
Cerca de 40% dos
trabalhadores da indústria são pré-hipertensos e, entre as
trabalhadoras, o índice é de 30%, mas, curiosamente, as
industriárias apresentam menor obesidade que o restante da
população feminina. 16% dos trabalhadores masculinos consomem
abusivamente bebidas alcoólicas; 20% dos industriários são
sedentários, índice que sobe para 30% entre as mulheres e, mais
importante, além das seis horas diárias que elas passam sentadas
no trabalho, passam outras seis horas nos fins de semana, nesse
caso, assistindo televisão.
Esses dados, ainda
preliminares, do Programa de Controle de Doenças Crônicas não
Transmissíveis, foram apresentados pela dra. Sandra Fuchs durante o
3º Fórum Global sobre o tema, que acaba de se realizar no Rio de
Janeiro e marca uma das maiores realizações da Sociedade
Brasileira de Cardiologia. Um projeto que, segundo o presidente da
SBC, Juarez Ortiz, "tem a ambição de mudar o estilo de vida
dos seis milhões de trabalhadores da indústria".
O diretor do
Departamento de Hipertensão, Carlos Alberto Machado, que coordena o
projeto desde 1997, recorda que naquele ano a SBC procurou a
Confederação Nacional da Indústria em busca de uma parceria para
uma pesquisa dos fatores de risco para a saúde do trabalhador na
indústria, que investigasse inicialmente a existência da
pré-hipertensão.
"O projeto foi
muito bem aceito", conta ele, "o CNI nos colocou em
contato com o SESI, estabelecemos o tipo de pesquisa, que incluiria
entrevista com os trabalhadores e exames realizados pelo
Laboratório Central do Hospital São Paulo – Unifesp, e
selecionamos uma amostra estatisticamente representativa dos
trabalhadores nos Estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul,
Tocantins, Mato Grosso do Sul e Alagoas".
A importância do
escopo da pesquisa decorre do fato de que pela primeira vez um
trabalho dessa amplitude seria feito justamente com a faixa etária
mais saudável da população, relembra Machado, permitindo levantar
a pré-existência de fatores que décadas mais tarde levariam às
doenças incapacitantes. O entusiasmo das autoridades foi tão
grande, que a Organização Pan-americana da Saúde passou a
acompanhar e participar do projeto e também o Ministério da Saúde
se incorporou ao mesmo o que, para o especialista, deixa claro mais
uma vez o papel pioneiro e social da SBC.
O projeto, já
ampliado em seus objetivos, levou cada trabalhador a assistir filmes
elucidativos sobre os fatores de risco a que cada um está sujeito,
seguindo-se uma espécie de auto-análise dos fatores de risco, a
avaliação médica, levando em conta o exame laboratorial e o
cadastramento de cada industriário entrevistado. "O interesse
dos participantes foi tão grande, os resultados tão
promissores", explica Carlos Alberto Machado, que a idéia
agora é expandir o programa para atingir a totalidade dos
trabalhadores vinculados ao SESI, seis milhões no total, em busca
da mudança do estilo de vida de cada um, para que se consiga uma
redução significativa das doenças futuras.
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