Jornal SBC 161 · Dezembro · 2015
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Palavra do Presidente
Amigos Cardiologistas,
Há dois anos, neste mesmo
rito de dezembro, um
grupo de cardiologistas
entusiasmados e afinados
pela mesma comunhão
de princípios cristalinos
de ética e cidadania
comemorava o privilégio
de, por um biênio, assumir
a responsabilidade de
dirigir e contribuir de
forma dedicada, técnica,
transparente e despojada com os objetivos
principais da nossa Sociedade, podendo
assim influir significantemente na educação e
saúde cardiovascular do nosso país.
Numa época politicamente tão difícil
e desestruturante como a que vivemos, é muito
importante que tenhamos instituições téc
nicas, fortes, éticas e cidadãs. As organizações
científicas são ainda muito bem-vindas,
possuem um caráter educativo endógeno e
atendem, com o binômio ciência‑educação,
o clamor das nossas mais profundas
necessidades; difundir ciência e educação
significa lançar as verdadeiras sementes do
desenvolvimento para a liberdade, para a
verdadeira independência nacional.
Educação, ciência e saúde de qualidade em
todas as regiões do Brasil. Um sonho que não
pode ser prisioneiro do seu tempo para, ao se
libertar, tornar as nossas almas e mentes mais
leves e rápidas, construindo pontes para alcançar
o imaginável possível.
A nossa SBC, a sua SBC, tem mais de 70 anos.
Tem também uma forte base departamental que,
coincidentemente, é a mesma unidade funcional
das nossas melhores universidades. Essa forma
de olhar o nosso binômio acadêmico-associativo
traz reflexões e responsabilidades interessantes.
Uma história septuagenária, que tanto já contribuiu
para a nossa Medicina, é ainda muito jovem
quando comparada à das instituições científicas
mundiais que, após séculos de existência, colheram
e ainda colhem os seus grandes e melhores frutos.
O denominador comum dessas organizações de
sucesso centenário é o respeito aos seus valores,
às suas vigas mestras, à preservação da imagem
de suas lideranças e da dos seus colaboradores,
componentes indissociáveis da sua grandeza.
Esse conceito foi rapidamente incorporado por
todos os atores desta gestão. A proximidade
com as administrações recentes dos presidentes
Jorge Ilha Guimarães e Jadelson Pinheiro de
Andrade facilitaram a identificação, respeito e
reconhecimento do grande trabalho e dedicação
desses e de todos os nossos dirigentes que venho
aqui homenagear; todos aqueles que sempre
demonstraram zelo e compromisso na continuidade
dos caminhos abertos pelas gestões anteriores.
O biênio 2014-2015 identificou claramente
a potencialidade catastrófica de políticas
equivocadas com capacidade de influir
negativamente nos caminhos do nosso país,
comprometendo as áreas de educação, saúde,
economia e emprego, gerando um clima de
desconfiança e perplexidade. Oquadro endêmico
de falta de ética, falta de transparência, falta de
respeito e descompromisso com a cidadania, tem
agitado os noticiários com demonstrações diárias
hediondas de corrupção generalizada, atingindo
o cerne de grandes instituições brasileiras.
Este cenário de adversidades crescentes acentuou
a já insuficiente destinação de recursos para
SBC: Orgulho, Confiança e Esperança
Discurso de encerramento da gestão 2014-2015
Angelo Amato
Vincenzo de Paola
Presidente da
Sociedade Brasileira
de Cardiologia