ABC | Volume 108, Nº3, Março 2017 - page 38

Artigo Original
Figueiredo et al.
Depressão maior e síndrome coronariana aguda
Arq Bras Cardiol. 2017; 108(3):217-227
Tabela 2 –
Características sociodemográficas e clínicas e de estilo de vida de acordo com presença ou ausência de transtorno depressivo
maior (TDM), controladas por sexo
Feminino
Masculino
Características
TDM N (%)
Sem TDM N (%)
OR
TDM N (%)
Sem TDM N (%)
OR
Sexo feminino
1
*
48 (37,8)
79 (62,2)
34 (14,8)
195 (85,2)
3,485
≤ 60 anos
2
***
22 (40,7)
32 (59,3)
0,81
26 (20,3)
102 (79,7)
0,34
Não casado
2
30 (39,0)
47 (61,0)
0,88
8 (15,1)
45 (84,9)
0,98
Escolaridade > 4 anos
2
40 (38,5)
64 (61,5)
0,85
23 (12,4)
162 (87,6)
2,35
Renda familiar > 6 s.m.m.
2
13 (41,9)
18 (58,1)
0,84
14 (13,2)
92 (86,8)
1,57
Fumante
2
13 (39,4)
20 (60,6)
0,91
17 (18,9)
73 (81,1)
0,6
Sedentarismo
2
41 (38,7)
65 (61,3)
0,79
28 (17,9)
128 (82,1)
0,41
Dislipidemia
28 (39,4)
43 (60,6)
0,85
12 (14,5)
71 (85,5)
1,05
HS
2
38 (36,9)
65 (63,1)
1,22
20 (13,5)
128 (86,5)
1,34
Diabetes
2
15 (34,1)
29 (65,9)
1,28
8 (14,0)
49 (86,0)
1,09
Killip ≥ 2
2
6 (42,9)
8 (57,1)
0,81
4 (30,8)
9 (69,2)
0,36
História de IAM
2
13 (35,1)
24 (64,9)
1,18
7 (11,9)
52 (88,1)
1,4
História de TDM
2
*
20 (64,5)
11 (35,5)
0,23
13 (41,9)
18 (58,1)
0,16
1 Teste do qui-quadrado, 2 teste de Mantel-Haenszel, p < 0,0001*, p < 0,01**, p < 0,05***, † significância clínica. HS: hipertensão sistêmica; s.m.m.: salário mínimo
por mês; IAM: infarto agudo do miocárdio; OR: odds ratio.
Os resultados da Tabela 2 foram controlados por sexo.
A frequ ncia de mulheres deprimidas foi significativamente
maior do que a de homens (37,8% x 14,8%), com
probabilidade 3,5 vezes maior de desenvolverem TDM do
que os homens. Com relação à idade, para os dois sexos, a
odds ratio
foi < 1, e idade mais avançada mostrou proteger
contra depressão. Esses dados sugerem que tal proteção seja
maior para homens do que para mulheres.
Observou-se maior frequ ncia de depressão entre mulheres
do que entre homens não casados. Apesar das diferenças
percentuais, o tipo de relação conjugal não se relacionou
significativamente com TDM quando houve controle para
sexo. Além disso, observou-se que as mulheres nesta amostra
tinham menor nível educacional do que os homens, e aquelas
com menor escolaridade apresentaram maior probabilidade,
ainda que nem tanta, de se tornarem deprimidas do que
aquelas com maior escolaridade. Entre os homens, não houve
diferença quanto a isso. Ainda entre as mulheres, não se
observou praticamente nenhuma diferença entre as categorias
‘com’ e ‘sem apoio social’. Por outro lado, observou-se quase
2,5 vezes maior probabilidade de homens sem apoio social
tornarem‑se deprimidos se comparados àqueles que contavam
com apoio social. Entretanto, os sexos não apresentaram
diferença estatística quanto à variável ‘apoio social’ (Tabela 2).
Quanto à renda familiar, observou-se maior probabilidade
de as mulheres do subgrupo A apresentarem sinais de
depressão do que as do subgrupo B, e menor probabilidade
do que as do subgrupo C. Entre os homens, os do subgrupo
A apresentaram maior probabilidade de se tornarem
deprimidos do que os do subgrupo B e do subgrupo C.
Entretanto, entre homens e mulheres, a
odds ratio
dos
subgrupos B e C comparada à do subgrupo A não foi
significativa (Tabela 2).
Quanto ao tabagismo, as mulheres apresentaram uma taxa
muito maior de depressão do que os homens. No entanto,
ficou claro que a probabilidade de homens fumantes se
tornarem deprimidos foi maior do que a de não fumantes, o
que não ocorreu com as mulheres. Os resultados apontam
para um maior número de sedentários dos dois sexos, sendo
a frequ ncia entre mulheres maior do que entre homens.
Sedentários apresentaram maior chance de se tornarem
deprimidos, independentemente do sexo. Entretanto, homens
sedentários tiveram uma probabilidade 2,5 vezes maior de
desenvolverem TDM do que não sedentários. Diferentemente
dos homens, a probabilidade de uma mulher sedentária
tornar-se deprimida foi muito menor (Tabela 2).
Parece haver maior tend ncia à depressão entre os
homens, ainda que discreta, havendo ou não uma história
de hipertensão. Mulheres não diabéticas mostraram uma
probabilidade levemente maior de desenvolverem depressão
do que as diabéticas. Entre os homens, praticamente não
houve diferença entre aqueles com história de diabetes e
aqueles sem história de diabetes. Não houve associação
estatisticamente significativa entre diabetes e TDM (Tabela 2).
Pacientes sem história de IAM, independentemente do
sexo, tiverammaior probabilidade de se tornarem deprimidos
do que aqueles com história de IAM. Notou‑se ainda
maior chance para os homens do que para as mulheres.
Entretanto, não houve associação estatisticamente significativa
com TDM. A despeito do sexo, pacientes sem história de
TDM mostraram-se mais protegidos contra depressão no
evento‑índice (Tabela 2).
Resumindo, ao controlar por sexo, a associação entre TDM
e as variáveis idade ≤ 60 anos, sedentarismo e história de
TDM é estatisticamente significativa (Tabela 2).
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1...,28,29,30,31,32,33,34,35,36,37 39,40,41,42,43,44,45,46,47,48,...108
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