As
doenças cardiovasculares (DC) são as responsáveis pelo maior número de
óbitos no Brasil. Em 2000, segundo dados do Sistema de Informações de
Mortalidade do Ministério da Saúde, correspondeu a mais de 27% do total
de óbitos, ou seja, 255.585 pessoas morreram por DC.
Sendo a hipertensão arterial (HA) e o diabetes mellitus (DM) importantes
fatores de risco para a morbidade e a mortalidade cardiovascular, o
Ministério da Saúde, em parceria com as sociedades brasileiras de
Cardiologia/Departamento de Hipertensão Arterial/Funcor, de
Nefrologia/Departamento de Hipertensão Arterial, de Hipertensão e de
Diabetes, das secretarias estaduais e municipais de saúde, do Conselho
Nacional de Secretários Estaduais e Municipais de Saúde e da Federação
Nacional de Portadores de Hipertensão e Diabetes, está em fase avançada
de implantação do Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão
Arterial e ao Diabetes Mellitus no país.
Essa grande estratégia, que visa a redução da morbimortalidade
cardiovascular e a melhoria da qualidade de vida da população, tem
quatro etapas:
•
etapa 1: capacitação de multiplicadores para atualização de
profissionais da rede básica na atenção à HA e ao DM;
• etapa 2: início da campanha de informação e de identificação
dos casos suspeitos de HA, DM e da promoção de hábitos saudáveis de
vida;
• etapa 3: confirmação diagnóstica e início da terapêutica;
• etapa 4: cadastramento, vinculação e acompanhamento dos pacientes
portadores de HA e DM às unidades básicas de saúde.
Com
objetivo de acompanhar a implantação do plano, foi inicialmente criado
um comitê nacional com representação de todos os parceiros mencionados
e comitês estaduais com a mesma representatividade; desde maio de 2001,
foi criada pela Secretaria de Políticas de Saúde/MS a Coordenação
Nacional do Plano, que tem como responsabilidade a gerência de todas as
ações de sua implantação desenvolvidas em nível nacional, além da
assessoria contínua aos estados e municípios.
Implantação do plano
Inicialmente foram capacitados 13.859 profissionais de saúde como
multiplicadores na atenção em hipertensão arterial e diabetes mellitus,
e esse processo continua em andamento. Em fevereiro se inicia, após
assinatura de acordo de cooperação do Ministério da Saúde e das
sociedades brasileiras de Cardiologia, de Hipertensão, de Nefrologia e de
Diabetes, nova etapa de capacitações, visando os municípios com
população de cerca de mais de 100.000 habitantes. Pretende-se, nessa
nova fase, capacitar aproximadamente 14.800 profissionais/multiplicadores
(dois por unidade básica de saúde).
A Campanha de Detecção de Casos Suspeitos de Diabetes, que aconteceu nas
33.000 unidades básicas de saúde (UBS) em março e primeira semana de
abril de 2001, realizou 20,7 milhões de glicemias capilares, identificou
2,9 milhões de suspeitos de diabetes, sendo que cerca de 1 milhão destes
é hipertenso e diabético, portanto, de grande risco.
Entre 5 de novembro de 2001 e 31 de janeiro 2002, aconteceu a etapa de
Detecção de Casos Suspeitos de Hipertensão Arterial e Promoção de
Hábitos Saudáveis de Vida. Até 18 de janeiro deste ano, 5.927.341
indivíduos haviam verificado a pressão arterial, sendo 2.169.188
(895.078 do sexo masculino e 1.274.110 do sexo feminino) considerados
suspeitos. Atualmente acontecem as confirmações diagnósticas dos
suspeitos de diabetes e hipertensão com a vinculação dos confirmados
às UBS.
Foi criada uma política de medicamentos para hipertensão e diabetes, com
orçamento próprio, e serão disponibilizados pelo Ministério da Saúde
os seguintes medicamentos: glibenclamida, metformina, insulina para os
diabéticos e hidroclortiazida, propranolol e captopril para os
hipertensos.
Para a última etapa, está em criação um cadastro nacional de
diabéticos e/ou hipertensos, que possibilitará aos gestores federais,
estaduais e municipais planejar a utilização e aquisição de recursos
necessários para o atendimento dessa clientela e a chance de saber
quantas pessoas são acometidas por essas doenças, estratificá-las e
verificar como está seu acompanhamento.
Acredito estarmos em uma fase histórica, em que as sociedades brasileiras
de Cardiologia, de Hipertensão, de Nefrologia, de Diabetes, o Ministério
da Saúde, as secretarias estaduais e municipais de saúde e a Federação
de Portadores de Hipertensão Arterial e Diabetes somam esforços visando
aumentar a prevenção, o diagnóstico, o tratamento e o controle da
hipertensão arterial, do diabetes mellitus e demais fatores de risco para
doenças cardiovasculares, com grande impacto na redução da
morbimortalidade cardiovascular e na melhoria da qualidade de vida da
população brasileira.
Carlos
Alberto Machado
Coordenador do Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão
Arterial e ao
Diabetes Mellitus e
presidente do Departamento de
Hipertensão Arterial da SBC
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