O
que é qualidade em cardiologia?
Assim como em todas as áreas de prestação de serviços, o
médico necessita de parâmetros que garantam uma atuação
profissional competente e atualizada. A garantia de qualidade
começa com boa formação acadêmica, passa por uma
residência bem estruturada e exige atualização constante.
Tudo isso, no entanto, só será importante em termos de
qualidade se for direcionado para o benefício do paciente.
Um bom cardiologista conhece profundamente o sistema
cardiocirculatório e sabe que os órgãos não estão
isolados: constituem um ser humano com sentimentos e
necessidades. Cada vez mais precisamos ser especialistas em
pessoas, não apenas em órgãos.
Como
estabelecer esses parâmetros?
Essa é uma tarefa para SBC, que dispõe em seu quadro
associativo dos melhores cardiologistas do país. Já demos
início à elaboração de 56 normatizações e diretrizes de
procedimentos cardiológicos nas áreas de diagnóstico e
terapêutica. Sob a coordenação de Jorge Ilha Guimarães, de
Porto Alegre, e com a participação de todos os
departamentos, objetivamos o envolvimento de mais de 2.000
especialistas na elaboração das recomendações oficiais da
SBC.
De nada adianta, entretanto, elaborarmos recomendações de
prateleira. É preciso implementá-las, para que sirvam de
parâmetros a todos os colegas, serviços e hospitais. Uma
forte motivação para servir de incentivo para esse
aperfeiçoamento será a concessão de um certificado de
qualidade para hospitais, clínicas e laboratórios que
adotarem as recomendações da sociedade.
Para esses serviços certificados, a SBC deverá fornecer
suporte nas negociações com os convênios, por meio de
cooperativas regionais de cardiologia ou de uma central de
relacionamento com as operadoras. Essa central também terá
um canal de ouvidoria para receber reclamações e
informações de cardiologistas e pacientes. As operadoras
serão informadas periodicamente sobre a lista dos serviços
certificados.
Numa etapa posterior, as operadoras que exigirem que seus
prestadores sejam reconhecidos pela SBC e que, portanto,
estejam comprometidos com as diretrizes, também conquistarão
certificados.
E como será garantida a qualificação do cardiologista?
O cardiologista há algum tempo dispõe de um selo de
qualidade, que é o Título de Especialista. Mais de 4.000
médicos já conquistaram essa qualificação. Cabe à SBC,
por meio de sua Diretoria Científica, viabilizar o acesso ao
conhecimento científico a todos os que buscam o aprimoramento
e a atualização. Lembramos sempre que o Título é uma
conquista e não apenas uma outorga, e que conta, também, com
o aval da Associação Médica Brasileira (AMB).
Como fica a tradição científica da SBC?
Pretendemos aperfeiçoá-la ainda mais com a ajuda e a
participação das regionais e dos 13 departamentos. A
competência profissional e a qualificação científica não
são privilégios de poucos. Em nosso país, são inúmeros os
exemplos de colegas e instituições já distinguidos na
pesquisa por renomados organismos internacionais. Acreditar na
posse do conhecimento absoluto do qual emana toda a verdade
científica é um grave equívoco.
Quais os projetos para ampliar o papel associativo da SBC
defendidos pelo sr.?
A SBC conta em seus quadros com 8.818 sócios em todo país.
Destes, 379 são remidos (com mais de 30 anos de sociedade e
liberados do pagamento de taxas), 8.151 são aspirantes ou
efetivos, 113 estão no processo de formação (novos), e 175
são colaboradores (profissionais não-cardiologistas). Por
esses números, reconhecemos facilmente a necessidade de uma
atuação que favoreça o associado. Temos uma grande
responsabilidade com esses profissionais. Por isso precisamos
oferecer:
oportunidade
para todos de falar e opinar, para que possamos conhecer as
reais necessidades do associado. Nesse sentido,
disponibilizamos vários canais: o site www.cardiol.br,
os telefones da sede no Rio de Janeiro ([0xx21] 2537-8488) e
de São Paulo ([0xx11] 3849-6438) e também meu e-mail
pessoal (jortiz@cardiol.br);
instrumentos e meios para que todos possam estudar e se
atualizar;
assistência para suprir necessidades jurídicas, comerciais
e administrativas, incluindo planos de seguro e
aposentadoria, por exemplo;
help-desk:
moderno e eficiente serviço de suporte que funciona dia e
noite e que pode ser consultado on-line toda vez que
o profissional tiver dúvidas a respeito de um grande
número de problemas, como interação com medicamentos e
condutas de toda espécie.
condições
para que a SBC esteja sintonizada com as necessidades e os
anseios dos associados.
Como
a SBC trabalha para garantir a tabela de honorários médicos?
A luta por uma tabela de honorários digna para os
cardiologistas já começou. O que acontece nesse setor?
Apesar das atrapalhadas do Cade (Conselho Administrativo de
Defesa Econômica), que, contrariando sua vocação e
competência, resolveu intervir numa área laboral em vez de
concentrar esforços na área mercantil, a AMB e o Conselho
Federal de Medicina (CFM), juntos com as sociedades de
especialidades, estão concluindo uma tabela de honorários
profissionais. A SBC, representada por mim e por Fabio Sandoli
de Brito e Emílio Cesar Zilli, trabalhou durante meses com a
Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) da USP e,
em breve, a lista de procedimentos será divulgada. Ao mesmo
tempo, a AMB e o CFM tomam providências jurídicas para
coibir as ações do Cade.
O sr. considera os planos e seguros-saúde gananciosos?
Operadores de planos de saúde adotaram uma tabela de
honorários considerada ridícula e aviltante para pagamento
dos serviços de médicos, hospitais e clínicas. Hoje os
honorários estão até 60% menores em relação aos
praticados há cinco anos. Entretanto, produtos e equipamentos
importados sobem de preço quase diariamente.
Outro problema grave é que os médicos vêm sendo
chantageados pelo setor de credenciamento das operadoras: ou
concedem um desconto substancial no preço de seu trabalho ou
são simplesmente descredenciados. Providências também devem
ser tomadas para acabar com os incentivos financeiros que
alguns médicos recebem das operadoras de planos de saúde,
quando deixam de prescrever exames de laboratório ou indicar
uma internação. A SBC condena e luta para acabar com esses
procedimentos.
Como funcionará a Diretoria de Proteção aos Pacientes?
A diretoria atuará na área da prevenção e defesa dos
direitos dos usuários dos serviços de saúde. A diretoria
vinculada à SBC poderá ter integrantes de outras
instituições. O novo órgão deverá funcionar como
orientador e mediador em questões polêmicas. Quando um
usuário é atendido por um hospital ou profissional fora da
rede credenciada, por exemplo, o impasse acontece na hora do
reembolso ou do pagamento da diferença. Nesse caso, a
solução pode sair de um árbitro ou de um conselho arbitral,
sob o âmbito da nova diretoria. |