A Sociedade Brasileira de Cardiologia elaborou um
manifesto (vide box) de repudio à decisão do Governo Federal de
autorizar a propaganda de cigarro no Grande Prêmio Brasil de
Fórmula 1, realizado em São Paulo.
A posição da SBC foi amplamente destacada em
vários veículos de comunicação. Os jornais Folha de São Paulo,
Diário de São Paulo e O Globo publicaram a posição da entidade,
o Jornal da Record também criticou o Governo Federal.
O jornalista Bóris Casoy informou que a
Sociedade Brasileira de Cardiologia havia elaborado um manifesto de
repúdio à propaganda de cigarros na Fórmula 1 e ainda entrado com
uma notificação extra judicial junto à ANVISA – Agência
Nacional de Vigilância Sanitária.
O deputado federal do PSDB da Bahia e líder do partido na
Câmara Federal, Jutahy Magalhães Junior, elogiou a posição
adotada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e juntamente com a
entidade trabalha para derrubar a Medida Provisória no Congresso. O
ex-secretário de Saúde da Prefeitura de São Paulo, o petista
Eduardo Jorge, também se opôs à MP assinada pelo presidente da
República. "Quando, no Fórum Social Mundial, petistas e
comunistas falarem de boca cheia sobre soberania, nacionalismo,
imperialis
mo, capitalismo e outros ‘ismos’, lembrem-se
da fumaça de cigarros na F1 em São Paulo e da humilhação da
nossa Agência de Vigilância Sanitária", afirmou Eduardo
Jorge à Folha de São Paulo.
MANIFESTO
A Sociedade Brasileira de Cardiologia anualmente
promove campanhas nacionais educativas de promoção à saúde e
repudia a propaganda de cigarros nos carros da Fórmula 1. Além de
ser um desaconselhável incentivo aos jovens, a publicidade em
questão fere a Lei Federal 10.167, de 27 de dezembro de 2000,
segundo a qual, desde 01 de janeiro de 2003, a indústria tabagista
está impedida de patrocinar atividades esportivas e de exibir
propaganda fixa ou móvel em estádios, ginásios e autódromos.
A entidade, que representa 10 mil cardiologistas de todo o país,
lembra que o cigarro mata 120 mil brasileiros por ano. Os estudos da
Organização Mundial da Saúde estimam em
mais de 1,2 bilhão o número de fumantes no
mundo, sendo 36 milhões deles somente no Brasil. A OMS projeta que,
em 2020, 10 milhões de pessoas morrerão por causa do tabaco, das
quais 7 milhões em países em desenvolvimento.
Para reverter estes dados alarmantes, a Sociedade
Brasileira de Cardiologia manifesta apoio a toda providência
legislativa que iniba a publicidade do tabaco, sobretudo entre os
jovens, e reivindica aos órgãos competentes providências
rigorosas contra os infratores que se negam a retirar de seus carros
as logomarcas da indústria do tabaco.
O tabagismo, além de provocar mortes, também
gera um alto custo para o governo e a sociedade no tratamento de
doenças causadas pelo mal.
Pelos motivos expostos, a Sociedade Brasileira de
Cardiologia solicitou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária
que se posicione de forma clara e contundente em relação à
veiculação deste tipo de propaganda nos carros de corrida
participantes do Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1.
No domingo, antes e após o GP Brasil, voluntários e médicos da
Sociedade Brasileira de Cardiologia estiveram em frente ao
autódromo de Interlagos, em São Paulo, para distribuir folhetos
informativos sobre qualidade de vida e hábitos saudáveis, bem como
conclamar todos os nossos associados e as instituições de saúde
do nosso país a participarem deste importante trabalho de
esclarecimento e conscientização.
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