Quais
são suas principais prioridades para a SBC?
As
nossas propostas são bem conhecidas há algum tempo. Nossa
administração tem quatro pontos principais a serem desenvolvidos: a
intransigente defesa profissional e a reformulação da educação médica
continuada, já iniciada pela atual diretoria, a elaboração de um amplo
projeto de levantamento epidemiológico nacional – com o propósito de
saber quem somos, para que identifiquemos nossa própria
"epidemiologia" e desenvolvamos as ações que daí resultarem
necessárias – e, por fim, a melhora e aperfeiçoamento do
relacionamento científico e de intercâmbio internacional, campo em que
contamos com o auxílio de vários colegas brasileiros que são muito
importantes – a recente eleição de Sérgio Timermann para a Sociedade
Interamericana de Cardiologia é um exemplo.
Vários
outros pontos são fundamentais. Queremos manter e, se possível, aumentar
o excelente padrão científico da SBC, dar força total para as
diretrizes, valorizar as regionais e departamentos e rediscutir a
formação de cooperativa da SBC, para melhorar ganhos e diminuir custos
dos cardiologistas.
O
que é e como vai funcionar a Cooperativa da SBC? Que benefícios vai
render ao associado?
É um
projeto semelhante ao de várias outras
regionais existentes no país, como a de Pernambuco e Minas Gerais. Visa
fundamentalmente a baratear custos e serviços, melhorando a relação
custo/benefício em favor dos coo-perados. O projeto ainda é embrionário
e será devidamente apresentando quando estiver pronto e discutido para
ser aprovado em Assembléia. Desta forma teremos transparência e o devido
respaldo do cardiologista, que é o maior interessado.
Em
sua opinião, quais são as maiores dificuldades enfrentadas pela SBC?
Como lidar com elas?
Creio
que as grandes dificuldades da SBC no momento referem-se à captação de
recursos, à necessidade de profissionalização de vários setores e à
necessidade de obtermos mais associados. Temos ainda que lidar com um
número muito grande de eventos e com a necessidade de apoio político
para a realização de várias de nossas metas.
Sem
dúvida, temos feito muitos progressos para lidar com tais dificuldades.
Penso que se nos
profissionalizarmos o máximo possível, contarmos com os já excelentes
trabalhos prestados pelos funcionários da SBC, estabelecermos o maior
número de parcerias, criarmos
força
e representatividade política, estaremos evoluindo no caminho certo para
vencer nossos problemas.
É
evidente que, ao criamos ou racionalizarmos os serviços já existentes
para os cardiologistas, teremos uma SBC cada vez mais importante, mais
forte, com mais sócios e com uma melhor prestação de serviços ao
associado.
A
participação de todos os colegas que quiserem trabalhar é fundamental.
Como na
atual, em nossa gestão não haverá qualquer restrição a quem quer que
seja. Pelo contrário, quanto mais pessoas experientes e trabalhadoras
quiserem ajudar, melhor.
"Se
possível, vamos aumentar o excelente padrão científico da SBC." |
O Sr.
mencionou a necessidade de apoio político como um dos maiores problemas
da SBC. Muitas sociedades de especialidade ainda dependem da influência
de algumas pessoas para fazer valer suas reivindicações junto ao
governo. O que deve ser feito para fortalecer os canais institucionais de
comunicação entre a SBC e o poder público?
O que o Dr. Juarez já
vem fazendo e temos intenção em dar seqüência. Por meio de nossas
ligações e parcerias, usando a infraestrutura da SBC em todo o país,
regionais e escritório em Brasília, procuraremos respaldo legal para que
nossas propostas se transformem em leis. Como exemplos, transformar as
diretrizes da SBC em documentos legais para discussão de nossas
propostas, negociações e relacionamento com os diversos órgãos, quer
municipais, estaduais ou de alçada federal. Assim como com os convênios
e outras instituições que tenham relacionamento conosco.Lembramos
também que a criação da Diretoria de Qualidade Profissional, por parte
da atual diretoria, já começa a mostrar resultados muito promissores
nesse sentido.
Qual
será a postura da nova diretoria da SBC em seu relacionamento com o SUS,
com os planos de saúde e com o novo governo?
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É uma
pergunta interessante. Por formação própria e pelas idéias defendidas
por todo o nosso grupo, temos espírito de colaboração e parceria,
visamos ao bem da sociedade. Nisso devem estar embasados nossos
relacionamentos. Porém, sempre que tal relacionamento for prejudicial à
SBC e ao cardiologista, vamos atuar de forma firme e forte, defendendo
nossos princípios e direitos. Vamos, em cada relação, exigir as
contrapartidas a que temos direito. Nossa visão é a de que, no momento
em que vivemos, a parceria e o bom relacionamento são atributos
fundamentais, desde que defendidas as necessidades de todos os grupos
envolvidos.
Em
sua gestão, quais serão as medidas para incentivar projetos de pesquisa?
Sem dúvida essa é uma
questão que passa necessariamente pela chamada "Academia". A
SBC tem fantásticos representantes dentro da mesma. Vamos consultá-los,
vamos dar seqüência aos nossos propósitos já enunciados e manter
relacionamento com os ótimos centros de pesquisas já existentes em nosso
país, assim como com o Funcor, a Diretoria Científica, os membros da
Academia e com a colaboração intensa da Diretoria de Diretrizes e do
pessoal do TEC (comissão para obtenção do título de especialistas),
nunca esquecendo das entidades internacionais, como a Sociedade
Interamericana de Cardiologia e a Federação Mundial de Cardiologia.
Estamos elaborando um bom plano para isso, que vamos apresentar em breve.
Como
o senhor avalia o atual momento da SBC e a gestão Juarez Ortiz?
A SBC
vem melhorando muito. Os presidentes passados, inegavelmente, trouxeram
importantes e notáveis contribuições. Aí estão a informática, a
educação médica, os 9358 sócios, os cerca de 1000 colegas que
realizaram a prova para o TEC, a chegada de 633 novos sócios, até agora,
em 2002, o ótimo congresso realizado em São Paulo e as medidas de
modernização atuais e necessárias da entidade em tempos de dificuldades
financeiras.
Por
tudo, acho que estamos revigorados e trabalhando no sentido de sermos cada
vez mais eficientes e modernos, sem perder as características
científicas e de relacionamento intercultural que sempre nos guiaram, com
entidades médicas ou não.
O Dr.
Juarez Ortiz representa uma injeção de modernismo, de visão global
empresarial, sem esquecer a parte médica e científica que tem em alta
conta.
Sem
dúvida vem fazendo uma administração inovadora, muito eficiente e que
estará, em minha opinião, entre as melhores que já tivemos.
Apesar dos avanços da
cardiologia, em particular a brasileira, as doenças
"Hoje todos
estão num mesmo lado, o lado da Sociedade" |
cardiovasculares
estão entre as maiores causadoras de morte em todo o mundo. Com que
políticas a Sociedade Brasileira de Cardiologia, em sua gestão, pode
contribuir para diminuir tais problemas no país?
O nosso
projeto de"Levantamento Epidemiológico Nacional" permitirá um
conhecimento muito melhor e maior do que acontece no Brasil. Assim,
teremos condições de efetuar ações que nos levem efetivamente a
diminuir ou minimizar o impacto da doença cardiovascular em nosso meio.
Ainda
em formação, temos outro projeto muito interessante que é o de
Prevenção e Reabilitação Cardiovascular. Vários colegas do ramo
estão trabalhando nisso. O resultado disso tudo, espero, está em
diminuirmos a morbimortalidade da doença cardiovascular em nosso meio.
Em
julho, o senhor renunciou à candidatura. Quais foram as razões que o
levaram a desistir da candidatura? O que fez, posteriormente, o senhor
rever esta decisão?
Esse
assunto já deu muito pano para manga. Na realidade todo o ocorrido serviu
para o aprimoramento de nossa entidade.
Todo o
acontecido visou obter a volta da paz e união na SBC. Orientado por esses
sentimentos, fiz a minha parte para que isso fosse realizado.
Hoje
todos estão num mesmo lado, o lado da nossa sociedade e do cardiologista,
sem qualquer tipo de animosidade e, muito importante, sem partidos dentro
da SBC.
Como citado
anteriormente, todos que quiserem serão muito bem-vindos pelo nosso
grupo. O futuro vai mostrar a veracidade disso.
"Ortiz
representa uma injeção de modernismo e visão global" |
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