Ao
final de 4 de janeiro, a quase bicentenária Academia Nacional de Medicina
(ANM) realizou uma sessão para empossar a nova diretoria da SBC. A
solenidade foi aberta por Augusto Paulino Neto, atual presidente da ANM,
que exemplificou a importância da instituição pela menção da
biblioteca e do museu como elementos destacados no apoio a pesquisadores e
na preservação da história da medicina brasileira.O
segundo orador foi o ex-presidente da SBC (biênio 1999-2001) Gilson
Feitosa. Ao contar a história da criação da Sociedade no início dos
anos 40, enalteceu a atitude visionária do grupo de fundadores, pois os
recursos disponíveis para solucionar problemas cardiovasculares eram
precários.
Entretanto, esses cardiologistas tiveram o grande mérito de
perceber que as doenças cardiovasculares gradativamente ocupariam um
espaço importante, atingindo uma alta porcentagem da população.
Nessas
quase seis décadas de existência da SBC, apesar de os doentes terem se
multiplicado, os conhecimentos sobre as patologias cardiovasculares e as
ferramentas clínicas e cirúrgicas também cresceram de modo assombroso.
Paralelamente, a tecnologia empregada para diagnóstico atingiu níveis de
refinamento e precisão extraordinários. Os médicos cardiologistas
apoiados pela SBC e pelas regionais têm oportunidades constantes de
atualização por programas de educação continuada, como congressos,
simpósios, cursos e seminários.
A SBC
tem orquestrado esse processo para permitir que mesmo cardiologistas
distantes dos grandes centros urbanos tenham acesso a esses eventos e não
fiquem cientificamente alienados. Outro aspecto primordial é o
envolvimento da SBC e das regionais em campanhas visando a promoção da
saúde cardiovascular e o combate às doenças cardiovasculares. Ao
encerrar, Gilson Feitosa acrescentou que era um privilégio a SBC estar na
ANM.
Falou,
também, Ronaldo César Coelho, secretário municipal de Saúde do Rio de
Janeiro. Relatou os resultados positivos que vêm sendo conseguidos, no
Rio de Janeiro, na campanha referente ao diagnóstico e tratamento de
hipertensão e de diabetes, com a impressionante cifra de 260.000
pacientes cadastrados, sendo que os medicamentos prescritos são entregues
em domicílio via Sedex.
O
último orador foi o novo presidente da SBC, Juarez Ortiz. Ortiz disse que
a SBC nasceu como sociedade científica para promover a formação e o
debate acadêmico, e suas funções se ampliaram. Admitiu três tipos de
novas ações para a SBC: aperfeiçoar o ensino e o aprendizado da
cardiologia, proteger o médico cardiologista e proteger o paciente.
Para
exercer essas atividades, é necessária a divulgação das atividades
qualificadas, e há uma interdependência entre a SBC e entidades
acadêmicas, entidades médicas, governos e operadoras de planos de
saúde. Ao traçar os planos de ação para a nova diretoria, ficou muito
claro o compromisso de todos com o desenvolvimento de atividades que
assegurem boas oportunidades de atualização para os 9.000 médicos
cardiologistas sócios da SBC. Também ficou evidente a necessidade de
serem fornecidos esclarecimentos à população para o diagnóstico de
problemas cardiovasculares, visando o tratamento precoce e, sobretudo, a
prevenção de moléstias cardiovasculares. Sendo a cardiologia uma das
especialidades que mais se destacaram e mais progrediram nas últimas
décadas, cabe ao médico cardiologista, ancorado em seus conhecimentos
científicos e apoiado por técnicas avançadas, dar ao paciente uma
atenção total e ter um compromisso com a qualidade do atendimento que
será oferecido ao paciente.
Ouvindo
as manifestações de todos esses oradores foi impossível não sentir uma
ponta de orgulho pelo bom nível da cardiologia brasileira, construída
com muito estudo, muita dedicação e muita pesquisa.
Clotilde de Lourdes Branco Germiniani
Membro
do Centro de Letras do Paraná, da Academia Paranaense de Medicina
Veterinária, do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná e
correspondente da Academia de Lyon. |