Artigo Original
Costa et al
Insuficiência cardíaca chagásica grave
Arq Bras Cardiol. 2017; 108(3):246-254
Não encontramos na literatura outro estudo com seguimento
de uma população com IC por um período maior que 5 anos.
Portanto, não há refer ncia para comparar a taxa de sobrevida
em 7,5 anos com o presente trabalho.
Fatores prognósticos sem significância estatística
As variáveis PAS, idade, FEVE, TC6M, largura do complexo
QRS e classe funcional não apresentaram significância
estatística em relação ao desfecho de mortalidade.
O sódio plasmático e a creatinina apresentaram
significância estatística em relação ao desfecho de mortalidade
na análise univariada; no entanto, após o ajuste do modelo
na análise multivariada, perderam significância.
Fatores prognósticos com significância estatística
Volume do átrio esquerdo indexado
Foi utilizado um ponto de corte de 72 ml/m
2
, semelhante ao
determinado por Rassi et al.,
19
que identificaram, através de curva
ROC
,
70,71ml/m
2
como omelhor valor para o ponto de corte.
20
Usando esse parâmetro, o VAEi > 72 ml/m
2
foi associado
a um aumento significativo na mortalidade. Sujeitos com VAEi
> 72 ml/m
2
tiveram risco de óbito aumentado (HR = 3,51;
IC 95%: 1,63 – 7,52; p<0,05). Nunes et al.
6
avaliaram o
valor prognóstico do VAEi numa população de 192 pacientes
portadores de IC chagásica. Esse estudo identificou um
aumento de 4,7% no risco de eventos cardíacos para cada
incremento de 1 ml/m
2
no VAEi (HR = 1,047; IC 95%: 1,035-
1,059; p <0,001), apresentando-se como um poderoso
preditor de resultados adversos, o que implica num pior
prognóstico e risco aumentado de morte nessa população.
O VAEi, dentre 20 parâmetros ecocardiográficos
estudados, mostrou ser o único preditor independente de
mortalidade cardiovascular em pacientes com IC devido a
cardiopatia chagásica.
20,21
A contribuição do ecocardiograma, com a identificação
do VAEi, adiciona informações importantes, por tratar-se
de método não invasivo de ampla utilização, podendo
desempenhar um papel importante para estratificação de
risco, acompanhamento e tratamento da miocardiopatia
dilatada chagásica.
10,22
Tabela 5 –
Comparação da taxa de sobrevida acumulada entre os estudos
Tempo de Seguimento
Costa, S.A.
(2016)
Theodoropoulos, T.A.
et al.
18
Areosa, C.M.N.
et al.
5
Rassi, S.
et al.
19
SA (%)
SA (%)
SA (%)
SA (%)
12 (1 ano)
70
78
84,5
90,6
24 (2 anos)
50
59
74,3
82,3
36 (3 anos)
46
46
68,9
73,3
48 (4 anos)
40
39
64,8
70,2
60 (5 anos)
23
-
60,5
64,4
72 (6 anos)
16
-
-
-
84 (7 anos)
13
-
-
-
90 (7.5 anos)
11
-
-
-
SA: sobrevida acumulada.
Tabela 4 –
Distribuição das variáveis segundo análise de risco univariada e regressão de Cox
Variável
Análise Univariada
Análise Multivariada
Hazard Ratio
IC 95%
Coef. de
Wald
(Valor de p)
Hazard Ratio
IC 95%
Coef. de
Wald
(Valor de p)
TVNS
3,0 (1,02 – 8,48)
4,01
(0,045)
3,83 (1,29 – 11,35)
5,84
(0,016)
VAEi
3,4 (1,58 – 7,24)
9,84
(0,002)
3,51 (1,63 – 7,52)
10,77
(0,001)
Sódio
0,9 (0,86 – 1,01)
2,80
(0,095)
0,98 (0,90 – 1,07)
0,22
(0,639)
CF
1,6 (0,96 – 2,86)
3,22
(0,073)
1,34 (0,76 – 2,36)
1,03
(0,311)
TVNS: taquicardia ventricular não sustentada; VAEi: volume do atrio esquerdo indexado; CF: classe funcional; IC: intervalo de confiança; Coef.: coeficiente.
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