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Associação Médica Brasileira (AMB) e o Conselho Federal de
Medicina (CFM) anunciaram, em coletiva à imprensa, no dia quatro de
dezembro, um rol de cem novas diretrizes médicas. O objetivo é
fornecer orientações para melhorar o atendimento aos pacientes.
As diretrizes são
baseadas nas melhores evidências científicas e seguem uma
metodologia inédita em todo o mundo: foram elaboradas pelos mais
renomados especialistas brasileiros de cada um dos segmentos da
Medicina de forma absolutamente isenta; sem qualquer patrocínio ou
participação de laboratórios ou da indústria de equipamentos.
O rol de novas
diretrizes permite que os médicos, tanto da rede pública quanto da
privada, possam, a partir de agora, utilizar-se de procedimentos e
diagnósticos cientificamente eficazes. As recomendações
democratizam e sistematizam o conhecimento das novas descobertas da
Medicina, evitam a atualização por meios inadequados e, na ponta
do sistema, fortalecem a relação médico/paciente.
As novas diretrizes
serão atualizadas constantemente e estarão disponíveis nos
portais da AMB (www.amb.org.br) e do CFM (www.cfm.org.br).
O projeto é
coordenado pelo doutor Fabio Biscegli Jatene, diretor científico da
AMB, e por uma equipe de consultores formada pelos doutores
Wanderley Marques Bernardo, Moacyr Roberto Cuce Nobre e José Eluf
Neto.
A importância
das diretrizes
As diretrizes são apoiadas nas
mais recentes pesquisas científicas. Através de as é possível
identificar quais exames e procedimentos são mais indicados ou
eficazes para cada caso.
Uma das diretrizes
foi elaborada pela Sociedade Brasileira de Mastologia e trata da
prevenção do câncer de mama. Os profissionais avaliaram diversos
estudos clínicos e analisaram cientificamente a influência de
fatores como amamentação, paridade, terapia de reposição
hormonal e até mesmo o índice de massa corpórea.
A diretriz sobre
hipertensão arterial, incluída no projeto, foi elaborada pelas
Sociedades Brasileiras de Cardiologia e de Nefrologia. As
complicações da hipertensão incluem doenças cérebro-vascular,
arterial coronariana, vascular de extremidades, insuficiência
cardíaca e insuficiência renal crônica.
O Projeto
Diretrizes tem o objetivo de oferecer recomendações práticas e
adequadas à realidade brasileira, para prevenção, diagnóstico e
tratamento da hipertensão arterial, com informações sobre
complicações decorrentes da doença e condutas clínicas em
situações especiais, como a hipertensão que ocorre no diabetes,
na gravidez e na doença renovascular.
Outro tema abordado
é o da cirurgia cesariana. Hoje elas representam 36% do total de
partos no país. Nos hospitais particulares o índice chega a 90%.
Uma diretriz orienta os médicos sobre quando estas cirurgias são
realmente necessárias de acordo com comprovações científicas de
seu benefício. Isso porque a cesariana é um procedimento
cirúrgico e, como tal, apresenta mais riscos maternos e fetais.
Pacientes submetidas à cesariana
apresentam morbidade e mortalidade maior quando comparadas a
pacientes que realizaram partos normais. Sendo assim, a decisão
pela cirurgia deve ser tomada em situações especiais, pelo
médico, quando os riscos do procedimento sejam suplantados pelos
benefícios. O trabalho comprova cientificamente inúmeras
situações clínicas da gestante ou do feto em que a cesariana vem
sendo realizada desnecessariamente. Também as situações em que a
cirurgia é comprovadamente vantajosa foram identificadas no estudo.
Realizada pela
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Sociedade
Brasileira de Alergia e Imunopatologia e Sociedade Brasileira de
Pediatria, a diretriz "Diagnóstico e Tratamento da Asma
Brônquica" busca definir parâmetros para o diagnóstico da
asma brônquica e normatizar o tratamento da doença e os
procedimentos terapêuticos para as crises.
O projeto
Em outubro de 2001,
um convênio firmado entre as entidades médicas e o Ministério da
Saúde deu início ao trabalho de elaboração de diretrizes nas
diversas especialidades médicas. O Projeto Diretrizes, desde
então, conta com a participação ativa de técnicos da
Associação Médica Brasileira, do Conselho Federal de Medicina e
das Sociedades de Especialidade afiliadas à AMB.
As Sociedades foram
responsáveis pela escolha dos temas abordados. A partir daí, os
especialistas, divididos em grupos, foram orientados a realizar
buscas das melhores evidências científicas disponíveis na
literatura médica, colhendo dados sobre o perfil epidemiológico de
cada procedimento dentro da sua especialidade.
Concluídas as
normas, todos os profissionais brasileiros serão informados e
incentivados a adotar as novas diretrizes. O projeto se faz
necessário pela grande quantidade de informação médica gerada
mundialmente, que rapidamente redefine o conhecimento médico.
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