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  NOTA  
 

Exame (não) médico nas academias

No final de 2003, foram registrados  dois eventos cardíacos em academias de SP. No primeiro caso, um usuário iniciante na academia, 43 anos, sentiu tonturas e cefaléia no teste físico, sendo medida PA: 21 mmHg x 11 mmHg. Segundo caso: crise de taquicardia, náuseas e sudorese numa jovem de 22 anos, também no exame da capacidade física.

Ambos os casos ocorreram durante o exame inicial de avaliação da capacidade física, também chamado por alguns de teste ergométrico (TE), feito pelo professor da academia, com monitorização da freqüência cardíaca.

Esse cenário freqüente (o dos exames) nos obriga a expressar uma opinião crítica, certamente compartilhada por muitos cardiologistas: o correto seria fazer a avaliação cardiológica ANTES da física, o que tem sido desprezado por algumas razões: os alunos detestam fazer exames médicos ou são mal-informados, acreditando que o exame de avaliação da capacidade física, por se limitar ao nível sub-máximo, não causaria riscos e até ajudaria a “descobrir” algum problema!

Na verdade, o que falta é a orientação para avaliação médica-cardiológica prévia, sendo acrescida do TE (por cardiologista habilitado) nas indicações constantes nas diretrizes da SBC/DERC. Como agir?

         Uma comissão multiprofissional, composta por cardiologistas, educadores físicos, sindicato/associação das academias, estabeleceria a normatização, em curto prazo, adequando-se ao proposto pela ANVISA, visando o bem-estar dos usuários de academias. Contatos iniciais informais dão boas perspectivas. Com o respaldo da SBC/DERC, essa atitude poderia se multiplicar em todo País.

Vários estudos publicados demonstraram a necessidade do exame clínico pré-participação esportiva ou para atividades físicas intensas e, principalmente, a instalação de uma estação de primeiros socorros, com equipe treinada no BLS ou ACLS, nas academias. Vamos agir, estimulando as atividades físicas, sejam esportivas ou de lazer ou de prevenção (uma necessidade atual), porém cuidando para que sejam minimizados os possíveis riscos.        

 

Nabil Ghorayeb

Chefe da Seção Médica de Cardiologia do Exercício e Esporte (Cardioesporte) do IDPC e Vice- presidente da SBC/DERC

e-mail: ghorayeb@cardiol.br

 

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