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Fortaleza é a primeira cidade a realizar a Semana do Coração

Fazer pressão política é prevenção primordial

 

 

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Fazer pressão política é prevenção primordial

 

É notório o comportamento evolutivo da população brasileira no que diz respeito a mudança dos hábitos de vida (especialmente nas pessoas mais esclarecidas). Cresce o número de consultas de pessoas aparentemente sadias e que procuram um atendimento médico no sentido de prevenir doenças. O conceito de vida saudável começa a ser incorporado de forma mais convincente.

Esse movimento vem tomando força nos grandes centros urbanos, e cada vez mais as pessoas começam a despertar para a importância de realizar atividades físicas, controlar o peso e baixar o colesterol. Com a ajuda dos meios de comunicação até os fatores de risco mais modernos já começam a circular no linguajar leigo coletivo.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia, através do Funcor e de seus Departamentos, vem cumprindo um importante papel na divulgação desses hábitos saudáveis. As campanhas realizadas, obedecendo sempre a temáticas específicas, conseguem mobilizar a sociedade civil e incrementar ano a ano os conceitos de fatores de risco e de vida saudável. Temos convicção de que estamos desempenhando um dos nossos principais objetivos, que é o de contribuir para a educação da população, oferecendo conhecimento sobre os principais agravos e também das medidas que podem ser adotadas no sentido de preveni-los. Podemos até nos dar por satisfeitos, mas tudo isso é muito pouco porque, a despeito de tantos avanços e de tantas informações que circulam para a população, a tendência epidemiológica nos mostra outra realidade: continuamos morrendo cada vez mais de doenças cardiovasculares. No Brasil, a principal causa de morte é o acidente vascular cerebral (como conseqüência de uma hipertensão arterial mal tratada) seguida do enfarte do miocárdio (devido ao ineficaz controle de vários fatores de risco, entre eles o tabagismo).

A conclusão que chegamos como Sociedade Científica é que o muito que fazemos ainda é muito pouco. Para mudar o perfil epidemiológico das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil (em especial a hipertensão arterial) faz-se necessário que se desenvolva, além desse esforço das Sociedades interessadas, políticas públicas que sejam eficazes e conseqüentes. Todos os países que conseguiram melhorar o controle da hipertensão arterial desenvolveram programas governamentais capazes de interromper a cadeia dos fatores de risco logo no início de seu desenvolvimento.

Por isso, esse ano, a SBC, através do Funcor e do DHA, resolveu realizar a comemoração do Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial de forma diferente. Fugimos da rotina dos anos anteriores. Fomos dizer ao Ministério da Saúde que o Brasil necessita ter uma estratégia inovadora no combate à hipertensão arterial. A SBC/Funcor e SBC/DHA, em audiência com o Excelentíssimo Sr. ministro Humberto Costa, anunciaram a elaboração de um ousado Projeto Epidemiológico com a finalidade de estabelecer o conhecimento da realidade epidemiológica da população urbana do País. Aproveitaram também para fazer uma cobrança pública, visando a continuidade das ações que estabelecem a prevenção, detecção, controle e avaliação da hipertensão arterial no Brasil. O ministro ouviu todas as ponderações e prometeu avaliar melhor a questão do Programa de Assistência Farmacêutica, rediscutir o HIPERDIA e, ainda, prometeu uma ajuda financeira para implementar o Projeto Corações do Brasil.

Parece que a estratégia desse ano de fazer pressão deu dividendos maiores que a dos outros anos, em que saíamos por aí, apenas, medindo pressão.

 

Marco Antônio Mota Gomes

Presidente SBC/DHA

e-mail: mamotag@cardiol.br

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